Repito: TEM que nos incomodar a todos, ou não somos seres humanos!
Ódio e violência nunca foram nem nunca serão respostas adequadas em qualquer situação. Posso discordar, posso questionar, posso fazer perguntas incessantemente e continuar discordando, mas não posso jamais agredir como forma de dizer que não concordo.
A agressão é arma de fracos e ignorantes, quando se veem vencidos por argumentos.
É bem verdade que ódio gera ódio, promessas de violência criam permissão para a agressão; mas nada justifica que eu pratique exatamente os atos dos quais discordo.
Nós temos as urnas, representantes da democracia. Ainda que sofram muitas vezes críticas e sejam alvo de suspeitas, são o árduo caminho para longe do coronelismo, de triste memória entre nós, pobre Brasil colonizado por assassinos e degredados.
Ter visto a agressão foi muito duro; entretanto, muito pior foi ler ou ouvir ou ver as manifestações de quem concordava com o ato do quase assassino.
Nesses momentos eu me assusto e tenho medo: será que só conseguimos, como povo, alimentar ódios e violência? Será que só sabemos discordar da corrupção, da bandalheira, com radicalizações mesquinhas de lado a lado?
Dizer que se corrigem desmandos com a força é, no mínimo, desconhecer a História.
Força apenas consegue gerar mais tensão; ódio só faz nascer mais ódio; o porão escuro para onde queremos enviar pela força os que não concordam conosco, é lugar apenas de ratos, nunca de homens.
A democracia é um longo e penoso caminho, mas é o único a nos manter na condição de humanos, se assim quisermos ser.
A alternativa é nos suicidarmos coletivamente como espécie. Pensando bem, faz tempo que andamos praticando…

Profa. Adjunta de Tanatologia e Cuidados Paliativos
Faculdade de Medicina de Itajubá – MG