Mas quem me conhece sabe o quanto eu amo a vida e as pessoas.
Porque lidar com a morte tem esse estranho efeito: faz a vida valer cada vez mais a pena!
É comum que me perguntem, na rua ou nas palestras que dou por aí: “Credo, como deve ser difícil fazer o seu trabalho, não?”
Eu invariavelmente respondo: “É sim. Como é difícil você fazer o seu. Fazer bem feito sempre exige mais de quem faz”.
E ouço de volta: “É, mas o seu é muito mais difícil: lidar todos os dias com gente morrendo deve ser horrível”.
“Pois não é, sabe? É triste, sem dúvida. Cada pessoa de quem cuidei e que morre me entristece; a cada família eu me ligo bem intensamente. A cada morte o meu coração abre mais um espacinho pra guardar as tristezas e as alegrias que vivemos juntos; a cada morte mais uma lembrança se aloja em mim. A cada morte mais um amigo passa a viver dentro de mim…
…Mas, sabe de uma coisa incrível? Quando as pessoas de quem cuidamos se aproximam da morte, elas fazem algo maravilhoso: sabendo que morrer é uma experiência única e intensamente pessoal, elas dividem conosco o que sentem. Parecem sábias: falam sobre o amor, sobre o perdão, sobre gratidão…
…E somos nós que, nesse momento, somos cuidados (as): recebemos lições que só teríamos na nossa hora. Aprendemos o quanto a vida é preciosa antes de perde-la. Lembramo-nos de quanto as pessoas à nossa volta são importantes antes de não mais as vermos.
Isto faz do meu trabalho algo muito recompensante!”
Aliás, leitor, faço-lhe um convite:
“Quer trabalhar comigo um dia? Apenas um dia será suficiente para que você encha o seu coração de paz. E estando cheio o seu coração, você terá que esvaziá-lo no coração dos que estão ao seu lado; depois você sentirá necessidade de enchê-lo outra vez; depois de esvaziá-lo e, logo você se verá preso a um círculo virtuoso de amor compartilhado.
Aceita o meu convite?”