Hoje, encontramo-nos experimentando uma civilização assistida por uma infinidade de recursos tecnológicos que tornam a vida mais confortável, mais enriquecedora intelectualmente, e mais humanizada socialmente, apesar de inúmeras dificuldades ainda não solucionadas em muitas ordens da vida.
Para chegar até aqui, saímos da selva, dominamos técnicas de plantio, domesticamos os animais, desenvolvemos a linguagem, fundamos as cidades, inventamos veículos e estabelecemos meios cada vez mais sofisticados para vencer desafios de terra, mar e ar e conservar a história da espécie humana.
Mas qual é a origem de todas as formas de vida presentes na face do planeta? Qual é a finalidade, em particular, da espécie humana, que reina absoluta sobre todas as demais pelo uso de um recurso, exclusivo seu, chamado inteligência?
Utilizando esse maravilhoso mecanismo mental, já conseguimos compreender que tudo que nos rodeia teve origem em uma nuvem de poeira cósmica que, pondo-se a girar sob a influência da gravidade, formou inicialmente uma estrela de “quinta” grandeza. Continuando seu movimento giratório, formou vários planetas, constituindo um sistema cósmico a orbitar o centro de uma galáxia que conta com bilhões de estrelas e de outros corpos celestes.
Em um desses planetas, surgiram as espécies minerais, depois acompanhadas pelas espécies vegetais, seguidas por espécies animais primitivas que foram evoluindo até compartilhar esse mundo com a espécie humana, expressão culminante da vida planetária.
A inteligência de nossa espécie, culminante em sua extraordinária manifestação racional, conseguiu não só desentranhar a origem desta nossa experiência cósmica, a nuvem de poeira, como prever o seu final, quando o sol transformado em uma gigante vermelha haverá de incinerar os planetas próximos, inclusive o nosso a que chamamos de Terra, vaporizando todos os vestígios das espécies aqui surgidas, inclusive a humana e toda a sua engenhosidade manifestada no plano físico.
Se fisicamente somos todos — estrela, planeta e espécies habitantes — formados de átomos e moléculas como todo o restante do universo, qual é a origem, a finalidade e o destino de nossa formação psicológica tão genial?
Qual é a composição fundamental da mente, da sensibilidade, do pensamento, do sentimento, das emoções, das reações positivas e negativas, das sensações de alegria e de prazer, que constituem a essência da espécie humana?
Em uma criação universal, onde cada elemento, até mesmo a menor partícula fundamental, tem sua função indiscutível e necessária ao funcionamento da estrutura cósmica, seria um mero capricho, condenado ao desaparecimento pela ação da gigante vermelha, todo esse patrimônio imaterial constituído por conhecimentos de toda ordem sobre o funcionamento dessa magnífica criação? Estariam, também, condenados a desaparecer o segredo da energia atômica, e os valores tão arduamente cultivados como a compaixão, o desprendimento, a generosidade, a bondade, a temperança, a prudência, a serenidade, o amor e tantos outros?
Com certeza, como acontece com a natureza física, esse poder inquiridor e criador também tem sua relação direta com algo de natureza semelhante, ou seja, a inteligência cósmica, que tudo rege com leis lógicas, permanentes e inexoráveis, desde a constituição, o funcionamento e a evolução do universo físico até a existência, o poder e a finalidade da realidade mental e sensível.
A Logosofia, com seus conceitos originais sobre a tríplice configuração humana, integrada por uma parte física, uma psicológica e a espiritual, cada uma contemplada com diferentes possibilidades de atuação, permite penetrar na realidade mental, compreendê-la e viver conscientemente nesse plano essencial da Criação, satisfazendo plenamente as inquietudes de ordem espiritual e tranquilizando as psicológicas.
Um pensamento de Carlos Veroneze