Você já parou para pensar em como são feitas as suas escolhas de presentes? E que tal considerar também as decisões sobre as compras em momentos de grande euforia? Muito provavelmente, você vai encontrar diversos traços de atitudes irracionais e pouco relacionadas aos fatores de planejamento do seu dia a dia. A conclusão óbvia: compramos muito pelo impulso, instigados pelo momento, e acabamos ultrapassando limites conhecidos de nosso saldo disponível no banco. Surgem as dívidas.
A questão, recorrente e muitas vezes provocada pela facilidade na obtenção de crédito, merece atenção. Comprar é um ato que traz muita responsabilidade, apesar da faceta séria só ser encarada quando chegam as contas e o arrependimento pelo exagero. Defendo que os gastos sejam realizados sempre com propósitos específicos e dentro de um limite previamente calculado. Diferentemente do que podem pensar, consumir é muito importante para a economia – mas precisa ser também para seu bolso.
O momento é crucial para discutir atitudes simples, mas bastante eficientes para o controle financeiro. Listo aqui alguns itens que merecem destaque nesta questão:
Planejar significa poder realizar sempre. Não raro, muitas pessoas associam o controle financeiro à falta de liberdade. Essa visão distorcida a respeito do orçamento doméstico influencia muitas famílias, que preferem adotar a contabilidade mental como maneira de gerenciar as finanças da casa. Não funciona. Com os gastos e receitas devidamente documentados, mês a mês, fica muito mais simples e rápido avaliar a evolução das despesas e traçar planos para mudar o rumo das coisas;
O pagamento parcelado pode parecer um alívio. Não é. Comprar parcelado pode representar a oportunidade de comprar mais e ter mais facilidades de pagamento. No entanto, tal visão simplista não considera o futuro, o desejo de consumir que continuará existindo nos meses que estão por vir. Casos assim são clássicos: compra-se muito, parcela-se em muitas vezes e a partir de então os desejos voltam a ser represados. O endividamento aumenta porque ao comprar para satisfazer tantas privações, o consumidor exagera mais uma vez. Prefira pagar à vista, comprando e consumindo menos, mas podendo fazer isso sempre;
Presentes não são objetos de reparação emocional. É comum notar famílias desesperadas por satisfazer os desejos de filhos e parentes em aniversários e datas especiais. Tudo porque as cobranças sociais relacionadas ao lado afetivo foram excessivas e imprime-se um sentimento de culpa em relação à qualidade do tempo destinado aos familiares. Assim, muitos crêem que a compra de presentes caros possa beneficiar-lhes com o perdão, com o adeus ao sentimento de culpa. Não é o que acontece. Prefira gastar menos dinheiro e mais tempo e energia com aqueles que ama. Custa mais barato e funciona muito melhor.
Claro que nenhuma das informações presentes neste artigo representa alguma novidade. A maioria das famílias sabe da importância do consumo consciente, mas poucos são os que tem coragem e atitude para colocá-lo em prática. Evitar o desperdício, economizar e investir no futuro são ações sabidamente inteligentes, mas que despertam exigências sociais extensas – e nem todo mundo está afim de ir contra o senso comum. Felizmente, educação financeira já passa a ser assunto presente nos lares de nosso país. Que seja assim por muito tempo.