Para muita gente é assim, surge uma dor de cabeça, o analgésico já está na mão; o estômago dá sinal de que algo não caiu bem, pensa-se logo no antiácido. Porém, o que nem todo mundo lembra é que esse hábito tão comum de automedicar-se pode trazer riscos para a saúde. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que, este ano, até o momento, já foram registrados, em Minas Gerais, 1.438 casos de intoxicação por medicamento. Em 2010, ocorreram 2.438 notificações.
“A automedicação pode trazer muitos outros efeitos indesejados. Várias doenças são desenvolvidas devido ao uso de irracional de medicamentos. Além disso, problemas graves de saúde podem ser mascarados pela ingestão de remédios sem prescrição médica, retardando, assim, um diagnóstico preciso”, alerta a farmacêutica Patrícia Carvalho, da Assessoria Técnica da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
De acordo com a farmacêutica, há ainda o risco de que o medicamento ingerido por conta própria possa interagir com outro que tenha sido recomendado pelo médico, e essa interação pode reduzir ou potencializar o efeito de uma das drogas. Exemplo disso é a redução da eficácia de contraceptivos orais, quando associados a certos antibióticos.
“Isso vale até mesmo para os remédios caseiros, que também têm potencial para produzir reações adversas ou interagir com outras substâncias. Logo, fazer uso de um chá não significa estar isento da ocorrência de efeitos colaterais e de outros riscos inerentes ao seu uso indiscriminado”, explica.
Os medicamentos mais utilizados sem prescrição médica são: analgésicos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios, antiácidos, vitaminas, além dos xaropes para tosse e resfriado. Os antibióticos, antes da determinação da Anvisa de que o fornecimento só pode ser feito mediante retenção da receita, também correspondiam a uma das classes terapêuticas bastante utilizadas pela população de forma indiscriminada.
Segundo Patrícia, diversos fatores favorecem a automedicação. Um deles é a propaganda maciça nos meios de comunicação, passando uma imagem errônea do medicamento como bem de consumo. “As pessoas também costumam se influenciar por prescrições anteriores ou ainda pedir recomendações de leigos”, diz.
Patrícia ressalta que, em caso de medicamento ingerido acidentalmente ou por engano, as medidas a serem adotadas dependem da natureza da substância que foi tomada. Sendo assim, deve-se procurar um serviço de emergência imediatamente para atendimento médico. Também é sempre bom lembrar que todo e qualquer medicamento deve ficar longe do alcance das crianças.
Fonte: Agência Minas