Conviver com segredos nem sempre é fácil. Algumas pessoas dizem que são como túmulos e jamais contariam o que lhes disseram em confiança; outras, abrem o coração sem qualquer constrangimento e divulgam tudo o que sabem. Melhor seria se as consequências de cada caso fossem muito bem analisadas antes de revelarmos os segredos que sabemos, mas nem sempre isso acontece.
Numa matéria que li, alguns segredos dos ‘segredos’ foram revelados:
“Guardar um segredo é mais ou menos como mentir. As duas coisas dependem de o córtex pré-frontal, uma parte da frente do cérebro, conseguir conter seu ímpeto de fazer sempre o mais fácil: falar a verdade. É isso mesmo: contar a verdade, contar tudo, é a tendência natural do cérebro.
Quer experimentar? Então vamos lá: responda rápido e em voz alta com uma mentira: em que cidade você nasceu?… A primeira resposta que vem à cabeça é a verdade, aquela que seu cérebro aprendeu com a experiência a associar às ideias: ‘cidade’, ‘eu’ e ‘nascer’.
Ao encontrar a resposta verdadeira sem fazer esforço, as áreas do seu cérebro que produzem a fala se preparam para dizer a verdade. Para mentir, é diferente e bem mais complicado. O córtex pré-frontal tem que conseguir eliminar a resposta verdadeira; depois, tem que buscar no seu banco de dados cerebral uma resposta alternativa: o nome de outra cidade, a mentira!
Essa busca exige o funcionamento de outras regiões que cuidam da linguagem. Nessa confusão toda, uma parte do cérebro especializada em conflitos é fortemente ativada. É o córtex cingulado anterior. Ele chama nossa atenção para o problema a resolver. No caso: pôr de lado a verdade, achar uma mentira e ainda não dar com a língua nos dentes.
Enquanto você mente ou esconde um segredo, é como se essa parte do cérebro ficasse gritando: ‘mas eu sei que não é isso!’ – o que deixa qualquer um aflito. Mas pelo menos para os segredos, a neurociência tem um remedinho. Se você não aguenta guardar seu próprio segredo, mas também não quer que ele se espalhe por aí, conte para duas pessoas ao mesmo tempo. Assim, elas poderão aliviar seu cingulado anterior falando sobre o segredo uma com a outra e ele ficará a salvo dos outros por mais tempo. Experimente!”
Viu, não parece fácil? O grande problema reside nas falcatruas, imoralidades, falsidades e mentiras que geralmente envolvem os segredos. Quando alguém resolve revelar, muita gente fica em maus lençóis e os problemas vêm aos montes. É como dizem: Quem planta vento, colhe tempestade!
Mas há segredos que, se revelados, só trazem bem à humanidade. Veja, por exemplo, os segredos que Deus nos revelou através da História…
Até 1500 anos antes de Cristo, ninguém sabia sobre os Dez Mandamentos que foram entregues a Moisés. Na época, os judeus tentavam praticar centenas de princípios religiosos, que fundiam a cabeça de qualquer ser humano.
Jesus também revelou no Evangelho de São Mateus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Pronto! Segredo posto e partilhado com todos.
Hoje sabemos que a Lei de Deus resume-se em amor, e Jesus ainda nos ajudou a clarificar algumas revelações: “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só til, até que tudo seja cumprido”.
Se considerarmos essas elucidações bíblicas, um segredo é melhor do que o outro e devemos contá-los aos quatro cantos da Terra; porém, sempre estaremos preocupados com outros tipos de segredos, como nesta história:
Enquanto a mãe cozinhava, a filha aproximou-se e disse:
– Sabe, mãe, eu confio muito em você. Eu conto tudo pra você, pois sei que é minha amiga.
A mãe, com um sorriso nos lábios, respondeu:
– Que bom, meu amor. Isso me deixa tão feliz!
– Eu confio muito, muito. Só existem algumas coisas que nunca contei, coisas de quando eu era muito pequena.
Ela ainda era pequena, mas tremendamente grande na imaginação, e a mãe ficou aflita com aquela afirmação. O sorriso transformou-se numa pequena ruga na testa. O que a menina teria feito quando era muito pequena que a mãe não soubesse? Um monte de pensamentos povoou sua mente… Então, mesmo sentindo medo da resposta, formulou a pergunta:
– O que você fez que eu não posso saber e entender, meu amor?
– Mãe, eu não conto porque tenho vergonha…
– Você disse que confiava em mim!
– E confio.
– Então me conta. Anda logo!
A mãe já estava desesperada, desligou o forno e sentou-se, olhando fixamente para a filha. A menina, num gesto heroico, anunciou seu terrível segredo:
– Mãe, eu lambia meleca!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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