De acordo com especialista, o alimento é o mais completo e importante para garantir o bom desenvolvimento infantil.
Na “Semana Mundial da Amamentação” – que acontece de 1º a 7 de agosto – é importante chamar a atenção para a importância do leite materno para a saúde das crianças. “Esse alimento atende a todas as necessidades nutricionais do lactente”, afirma Ary Lopes Cardoso, pediatra, Chefe da Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP. “O recém-nascido precisa do leite materno para continuar a sua etapa de crescimento e desenvolvimento fora do útero materno”, complementa o pediatra.
A criança que é amamentada adquire os nutrientes de forma balanceada, especialmente durante os seis primeiros meses de vida, quando o leite materno deve ser o único alimento oferecido ao bebê. “É importante as mães atentarem para os benefícios nutricionais propiciados pelos micronutrientes – como as vitaminas – presentes no leite materno”, reforça Ary Lopes Cardoso.
O leite materno é um alimento bastante versátil, sendo que sua composição varia de acordo com as etapas de desenvolvimento da criança. Seus principais estágios de produção são: colostro, leite de transição e leite maduro. Em todos estão presentes os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do organismo infantil como gorduras, carboidratos, proteínas, cálcio, fósforo, vitaminas e ferro, todos disponíveis de forma balanceada. Além disso, o leite da mãe oferece anticorpos e outros fatores de proteção, como enzimas e prebióticos.
“Os oligossacarídeos prebióticos – um tipo de carboidrato que não é digerido no intestino delgado – constituem o terceiro maior componente do leite materno. Esses elementos estimulam o crescimento de bactérias benéficas no intestino, como as bifidobactérias e os lactobacilos que fortalecem o sistema imunológico dos bebês”, ressalta o médico. Os prebióticos também permitem que as fezes da criança sejam mais amolecidas e criam condições que facilitam a absorção de cálcio pelo organismo. “O lactente que recebe os prebióticos tem menor chance de apresentar quadros de alergia e de infecções do que aquele que não recebe esse tipo de nutriente”, diz o pediatra Ary Lopes Cardoso.
Qual é a composição do leite materno?
O leite materno possui diversos tipos de nutrientes:
Carboidrados – Fonte de energia. Os mais importantes são a lactose e os oligossacarídeos prebióticos. Auxilia na absorção de minerais, especialmente o cálcio.
Gorduras – Fonte concentrada de energia que provê de 50% a 60% das necessidades do lactente. Fornecem ácidos graxos importantes para o desenvolvimento do cérebro, da retina e dos tecidos nervosos.
Proteína – Fonte de aminoácidos e de nitrogênio. Além disso, tem funções específicas como a defesa contra agentes microbiológicos. Atua também como fator de crescimento.
Vitaminas e sais minerais – Envolvidos no processo de crescimento e desenvolvimento ósseo, cerebral e integridade do sistema imunológico.
Ferro – Previne a anemia.
Valor energético – Cada 100 ml de leite materno contém cerca de 70 kcal.
Principais dúvidas sobre a amamentação
Muitas mães têm dúvidas sobre a amamentação e o leite materno e acerca do momento certo para introduzir o leite de vaca em pó ou de caixinha, entre outras. O pediatra Ary Lopes Cardoso, Chefe da Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP, responde a algumas das perguntas mais freqüentes das mulheres:
Existe leite fraco? Como saber se o leite materno é “forte” ou “fraco”?
Dr. Ary Lopes Cardoso – Não existe leite materno fraco. O leite da mãe é sempre a melhor opção para alimentar os lactentes. São raras as situações, como a desnutrição materna, que podem levar a mudanças na composição do leite.
Até que idade o bebê deve ser amamentado?
Dr. Ary Lopes Cardoso – A criança deve receber o leite materno exclusivamente até os 6 meses de idade, época em que deve começar a consumir alimentos complementares – legumes, verduras, carne. Mas o leite de vaca nunca deve ser introduzido antes de o bebê completar 1 ano. Todas as crianças podem receber o leite materno, como parte de sua dieta, até os 2 anos de idade.
Quais são as diferenças entre o leite de vaca (em pó ou de caixinha) e o leite materno? Dr. Ary Lopes Cardoso – O leite de vaca tem composição muito diferente do leite materno, seja em macronutrientes (muita proteína, pouco carboidrato e falta de gordura saudável para o ser humano), seja em micronutrientes (ferro, zinco e vitaminas). Além disso, no leite de vaca não existem os oligossacarídeos prebióticos existentes no leite humano. Esses nutrientes são responsáveis por promover o desenvolvimento do sistema imunológio do recém nascido. Em resumo, é fácil concluir que o leite humano é bom para as crianças, assim como o leite de vaca é bom para os bezerros.
Quais conseqüências a introdução do leite de vaca antes de 1 ano de idade pode trazer para a saúde do bebê?
Dr. Ary Lopes Cardoso – Um dos maiores problemas que temos observado nos últimos anos é a alergia à proteína do leite de vaca, responsável por cerca de 5 a 7% das manifestações alérgicas (gastrintestinais, cutâneas e respiratórias) dos lactentes. Essa alergia pode ser induzida pela introdução precoce do leite de vaca na dieta infantil. Além disso, a falta de micronutrientes (como o ferro), de ácidos graxos essenciais e de vitaminas pode levar ao risco nutricional do lactente que recebe apenas o leite de vaca como alimento, podendo comprometer seu desenvolvimento e crescimento.
Quando a mãe por algum motivo não pode mais amamentar seu filho, que tipo de leite deve ser utilizado?
Dr. Ary Lopes Cardoso – Quando a mãe por algum motivo não puder amamentar o seu bebê com menos de 12 meses de vida, o leite a ser dado é a fórmula infantil. A fórmula infantil é um produto obtido através da modificação do leite de vaca em laboratório e é adaptada para atender às necessidades nutricionais do lactente. Porém, deve-se lembrar que o leite materno é sempre a melhor opção para alimentar os lactentes.
Fonte: Burson-Marsteller