Quando era mais jovem, acreditava que não poderia ser feliz caso alguém próximo estivesse passando por uma adversidade ou em sofrimento por algum motivo. Explico melhor:
Lembro-me claramente de, no início da juventude, ter sido “advertida” por estar rindo com uns colegas durante uma conversa informal enquanto um parente muito próximo passava por um momento de aflição e ansiedade. Essa pessoa disse a frase: “Eu aqui passando por esse problemão e você se divertindo e dando risadas?”
Recordo de fechar minha fisionomia, meu interno entristeceu-se, senti-me culpada por estar vivendo meu momento de descontração.
Daquele dia em diante imaginei que não seria correto desfrutar de momentos felizes se algo ruim estivesse acontecendo com um ente querido. Seria errado, contraditório e pareceria até que eu não gostava daquela pessoa.
E assim, vivi bons anos da minha vida. Se algo ruim acontecia a alguém próximo, eu tratava de me recolher, ainda mais se estivesse experimentando um bom momento na vida ou de uma diversão… Tratava de não deixar transparecer e, pior, absorvia pensamentos tristes e de aflição.
Percebi que isso também acontecia comigo independente de outra pessoa: se algo não estava caminhando bem em determinado aspecto da minha vida, deixava contaminar todos os outros. Se fosse no trabalho, não me permitia ficar feliz em casa, se fosse na família, levava a tristeza e a preocupação para o trabalho e, assim, ficava difícil encontrar as porções de alegria, porque elas sempre se nublavam por algum aspecto que não estava bem.
Felizmente consegui identificar o porquê dessa forma de sentir a vida e, hoje, devido aos conhecimentos logosóficos e seus ensinamentos, fui permitindo-me refletir sobre diversos aspectos, sobre novas formas de ver a vida em diversas situações, ou seja, permitindo-me ter contato e experimentar novos conceitos como: vida, ser humano, tempo, família, alegria…
Propus a mim mesma experimentar esses novos conceitos e ensinamentos em diversas situações, e, à medida que as adversidades iam acontecendo, eu enxergava-as de outra forma.
Estou aprendendo a como selecionar os pensamentos, descartar os antigos “pensamentos vilões”, buscar nos momentos vividos o que preciso aprender para ser muito mais feliz, ser grata a mim mesma por ter a capacidade e os elementos certos para ver e sentir a vida de maneira a fazer-me feliz, e a outros também. Ah! A alegria de enxergar as adversidades de uma outra forma! Que bom é ser capaz de me libertar de preconceitos e crenças absurdas!
É claro que estas compreensões foram alcançadas aos poucos, sem nenhum grande salto. Na natureza também é assim, não muda de verão para inverno, precisa passar pelo outono.
Compreendo, hoje, que compadecer com as pessoas que amo, envolver-me em seus problemas para as ajudar não deve determinar ou abalar o meu equilíbrio interno. As alegrias, os momentos bons, a serenidade são conquistas minhas, e aproveitá-las nada tem a ver com o amor que sinto pelas pessoas, mesmo que estejam em momentos de adversidade. Além disso, tenho aprendido que preciso colocar os problemas dentro da vida e não a vida dentro dos problemas! Assim, consigo desfrutar dos momentos felizes sem culpa, dando o devido valor a cada aspecto da minha vida, e isto é, para mim, um grande motivo de alegria!
Um pensamento de Mônica Ferro Soave
Professora no Colégio Logosófico, pedagoga. Estuda e é docente da Fundação Logosófica em Uberlândia desde 2015.