O planeta Terra testemunhou mais uma edição das Olimpíadas encerrada neste final de semana, confirmando o que escrevi na semana passada em que a edição Tóquio 2020 ficaria para o Brasil como as Olimpíadas das mulheres. Assim se cumpriu, pois foi um recorde de participação feminina na historia das Olimpíadas em termos percentuais. Para a próxima edição em Paris, a promessa é que pela primeira vez, o numero de inscrições serão iguais para ambos os sexos. Um grande evento e mais uma vez deixa várias oportunidades de reflexões em relação à participação do Brasil. Essa edição foi recorde em medalhas mesmo tendo menores investimentos em relação à edição anterior. É importante ressaltar que quando se fala em esportes, os resultados de um esforço estrutural demoram mais para aparecer e esse crescimento de desempenho nessa edição se deve aos investimentos realizados para a edição RIO 2016. O Brasil precisa criar e manter uma política de valorização e investimentos no esporte para a faixa etária onde estão as crianças e adolescentes, o que naturalmente poderia ser feito através das escolas públicas onde está a população de maior vulnerabilidade social para que realmente o esporte seja utilizado para a inclusão social e afastamento de ameaças tão presentes nesse país das desigualdades. Embora essa politica não tenha como foco as medalhas de metais, com certeza elas chegariam recheadas com lindas historias como as de Rebeca, Ítalo, Isaias, e tantos outros que saíram da pobreza para conquistar o sucesso e principalmente a cidadania. Outra reflexão que considero oportuno é a participação do futebol masculino. O futebol é um esporte em que embora os clubes estejam falidos, os atletas de maior desempenho (principalmente os que já estão no exterior), têm condições muito diferenciadas dos demais atletas em várias situações tais como salários astronômicos, dificuldades com a liberação de seus clubes que não tem obrigação e fazem altos investimentos. Quando estão no período de competição, os atletas não se integram com os demais da delegação olímpica, tem acomodações muito diferenciadas, ficando em luxuosos hotéis, enquanto os demais ficam na Vila Olímpica, com uma logística totalmente diferenciada, quebrando todo principio e espírito olímpico que é a integração de todos os povos através do esporte, representada pela logomarca dos cinco anéis, que são os cinco continentes entrelaçados e dispostos sobre um fundo branco. Porque não voltar como no passado em que os atletas do futebol eram das divisões de base? Essa total falta de sintonia com espírito olímpico fez com que na cerimônia de entrega das medalhas, alguém da direção da CBF pedisse que os atletas não colocassem as blusas que é um padrão e regra do comitê olímpico Internacional e tem a logomarca de seu patrocinador. As blusas foram amarradas na cintura e assim entraram com as camisas normais de jogos onde há o patrocinador da CBF. Uma indisciplina que desrespeitou a regra estabelecida em que o mundo inteiro seguiu, mas os brasileiros fizeram esse papelão, envergonhando nossa delegação. Algo que estará sendo processado pelo COI e poderá ter medidas punitivas. Mais um motivo para repensar o modelo de participação dessa modalidade que se consideram acima de todas e simplesmente ignoram os cinco anéis olímpicos.
Pelo menos essa é a minha opinião!