No último dia 02, por ocasião da colheita da azeitona na região, foi realizado o encontro: “A CULTURA DA OLIVEIRA – Aspectos Culturais e Tecnologia para o Processamento”, por mais uma valiosa iniciativa do gerente e coordenador do projeto, Sr. Nilton Caetano.
Com palestras introdutórias e uma dinâmica de campo que consistiu em visitas a 5 estações temáticas, os participantes, em sua maioria novos produtores de oliveira, tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos nesse vasto universo, onde os temas abordados incluiram desde o plantio, anatomia vegetal e possibilidades de indução floral à tratos culturais, produção de azeites, azeitonas de mesa e uso em cosméticos.
Foi um dia histórico! Na máxima de Sófocles sobre a oliveira: “Árvore invencível que renasce de si mesma”, encontramos um sentido filosófico que descreve com exatidão a vida dos empreendedores em nosso país. Com a interessada participação de agricultores, pesquisadores e especialistas, evidenciou-se que essa rica cultura está se consolidando de forma definitiva por aqui e, a despeito de todos os desafios que ela própria impõe, estamos trilhando o caminho que poderá criar todas as condições para que, em um futuro próximo, o Brasil produza tudo o que a mais sábia da árvores pode propiciar ao homem.
Em 700 hectares e com 350.000 mil árvores, as pesquisas iniciadas em 1955 e retomadas apenas em 2005, quando os primeiros olivais comerciais foram implantados, apresentam agora consistentes resultados: produção de 10 toneladas de azeitona/1.000 litros de azeite em 2011 e variedades cultivadas nos seguintes percentuais:
Arbequina – 70%
Grapolo – 10%
Koreneiki – 5%
Maria da Fé – 5%
Outras – 5%
A idade média dos cultivares, nos mostra o longo caminho que temos a seguir, ao se considerar que uma oliveira em média começa a produzir seus frutos a partir do quinto ano de vida:
5% com 6 anos
5% com 5 anos
10% com 4 anos
20% com 3 anos
40% com 2 anos
20% com 1 ano
No Brasil, por suas características climáticas, as árvores estão produzindo frutos com 4 anos de idade, o que pode nos fazer crer que a produção de azeites em um curto período de tempo será sensivelmente incrementada, se forem criadas condições para isso, ao aumentar a atual capacidade de processamento de apenas 100 kg/hora.
Quanto ao quesito qualidade sensorial, são tantas as variáveis a serem consideradas para se produzir um azeite que, de início, o que podemos afirmar é que a validade da iniciativa é proporcional ao interesse que o assunto desperta nacionalmente. O consumo no país cresceu no ano passado 22% (64 mil toneladas importadas), segundo dados do COI (Conselho Oleico Internacional).
As perspectivas em Maria da Fé vão de encontro a esse números e para 2015 a previsão é produzir 4.000 toneladas de azeitonas/600 toneladas de azeite. Ao se considerar que o principal quesito de um extra virgem deve ser o seu frescor, ainda que não seja um produto gourmet inicialmente, esses primeiros passos são significativos na inserção definitiva da mais saudável das gorduras na dieta do brasileiro e nos conduzirá na busca incessante pela qualidade, deixando-nos menos vulneráveis as tradicionais fraudes do setor.
O que podemos afirmar diante desse panorama é que a iniciativa mineira tem incentivado os produtores que não temem grandes desafios, influenciando inclusive o sul do país que já comercializa seus azeites nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro. Para os apaixonados por azeite, todas as notícias são alvissareiras.