Começo esse texto por lembrar de um carro: o Corsa GL 1.4 da 1ª geração. Seu motor de 1.4 litros e injeção monoponto rendia apenas 60cv, mas, na ocasião, para os mais ávidos por velocidade, era possível adquirir a versão GSi com motor 1.6 16v de 108cv e 14,8Kgfm de torque respectivamente a 6200 e 4000 rpm (este motor era o Ecotec importado).
Novo Corsa, e a versão mais potente ficou a cargo de um motor 1.8 de apenas 102cv (bom para o porte do carro, mas não para um 1.8), cilindrada alcançada pelo aumento do curso do motor 1.6 nacional, tornando-o um tanto áspero.
A solução veio da melhoria do motor 1.4. Descontinuado na 1ª geração ao mesmo tempo em que o 1.0 aumentava sua potencia com o uso de injeção multiponto (talvez o motivo tenha sido exatamente esse, já que o 1.0 atingiu exatamente a mesma potencia do 1.4), o 1.4 voltou com as inovações técnicas já esperadas. No Celta, rendia com auxilio de injeção multiponto 85cv. Agora no Prisma, flexível e com tecnologia VHC, herdada da versão de 1 litro, chegou a 89cv a gasolina e 97cv a álcool atingidos a 6200rpm(o que já é muito bom). Entretanto, a GM foi um passo adiante e para o Corsa aumentou ainda mais a potência, chegando a 99cv a gasolina e 105 a álcool, agora atingidos a 6000 rpm.
Ótimo, mas como isso foi possível? Na verdade não há um grande “pulo do gato” exceto pela taxa de compressão bastante alta de 12,4 : 1. Entretanto, boa parte do rendimento se esconde em outras partes menos comentadas como o sistema de rolamentos nos balancins dos comandos de válvulas que, além de reduzirem o atrito, permitem rampas de abertura das válvulas mais agressivas por parte do comando o que resulta em mais torque e potência utilizando os mesmos regimes de rotação. Outra solução interessante é o escapamento tubular integrado ao catalisador e à sonda lambda o que propicia uma redução nas emissões, já que o catalisador atinge a temperatura de trabalho mais rapidamente, além de melhorar o fluxo dos gases do escapamento pela maior suavidade e equilíbrio das curvas do escapamento. Houve ainda a substituição do coletor de admissão de alumínio por outro feito em plástico que conduz menos calor e consequentemente esquenta menos o ar durante a admissão além de melhorar o fluxo dos gases.
Ao final, o motor atinge potencia do mesmo patamar dos 1.6 com consumo próximo dos 1.0. E apesar de toda a potencia, não é um motor que só trabalha em alta rotação. Seu torque de 13,4kgfm aparece a 3000rpm o que é impressionante para um motor que rende 75cv/litro. Para efeito de comparação: Se o 2.4 do Vectra tivesse o mesmo rendimento, teria 180cv.
Com isso fecho com meus sinceros parabéns à GM pelo desenvolvimento de um motor brilhante, e principalmente por isso ter sido feito aqui no Brasil.