A natureza criara, com paciência, caprichosas formas nas paredes da gruta. Ele foi adentrando, admirando sempre mais e mais as pedras gastas pelo tempo, quando, de repente, avistou uma placa. E, com a lanterna, iluminou estas palavras: ‘Não foi o martelo que deixou perfeitas estas pedras, mas a água, com sua doçura, sua dança e sua canção. Onde a dureza só faz destruir, a suavidade consegue esculpir’.
Assim também aconteceu comigo. Até o ano de 1994, eu explodia à toa e tentava conseguir as coisas sem paciência, mas, desde então, a suavidade do amor de Nossa Senhora e a mansidão do Coração de Jesus invadiram e transformaram o meu espírito. Hoje, tenho plena consciência de tudo quanto fiz de errado e do papel que desempenho na Igreja de Cristo. Percebi que os caminhos santos do Senhor são abençoados, mas, mesmo percorridos com fé e esperança, nos revelam muitas surpresas – assim como um rio: ora manso, ora turbulento.
Fui atingido por uma cura interior tão forte que já consigo aceitar passivamente as adversidades da vida e enxergar a felicidade que há de vir. Se eu tivesse que gravar numa placa tudo o que aprendi, escreveria: ‘A conversão é uma bênção, a renúncia ao pecado é sempre uma batalha a ser vencida e a construção de um mundo novo é a nossa maior missão’.
Nada foi tão fácil como pode parecer, mas valeu a pena. Foram mais alegrias do que tristezas e muito mais graças alcançadas do que decepções; na verdade, as decepções nunca vêm do alto e sim do seres humanos, mas a todos já perdoei. O sentimento que trago hoje no peito é de imensa gratidão por tantas maravilhas que experimentei após os meus trinta e oito anos de idade.
Dom Hélder Câmara, no magnífico livro ‘O Evangelho com Dom Hélder’, escreveu assim: “É tal a fraqueza humana que, quando recebemos elogios e mais elogios, muito depressa passamos a acreditar neles, a nos julgarmos muito bons mesmo, a nos vermos quase santos. E isso é o fim, pois o que o Senhor verdadeiramente ama é a humildade. Não a humildade exterior, mas a humildade no coração. Se alguém julga que é capaz de prosseguir sozinho, sem o auxílio do Senhor, Ele o deixa ir e então o pior lhe sucede: ele cai, ele se anula”.
Peço a Deus que me livre do orgulho, da vaidade e da ambição, para eu comungar sempre o Corpo de Cristo e continuar divulgando fielmente as atitudes cristãs que nos levarão ao Céu. Assim seja!