A respeito da vocação maravilhosa que Deus nos deu, achei o texto de Dom José Alberto Moura, ex-arcebispo de Montes Claros:
“Vivemos num contexto social de muitas éticas até confrontantes. As desculpas para não se seguirem valores inerentes à natureza e a verdades objetivas são muitas. A título de se ser moderno ou não retrógrado passa-se, não raro, por cima da verdade e do direito em função do modismo ou da satisfação pessoal.
Na trilha e na busca de sentido para a convivência matrimonial, pode haver ledo engano de realização humana quando homem e mulher não se unirem em vista de uma real vocação conjugal. O impulso para o casamento, baseado unicamente no sensorial ou no desejo de os dois se gratificarem na complementaridade afetiva e sexual, frequentemente pode ser rompido com algum desequilíbrio de doação de um pelo outro.
Havendo, porém, em ambos, a consciência e o pacto de mútua ajuda para conseguirem um ideal de vida por motivo de um sentido de vida maior, dá-se base de fecundidade na vocação matrimonial. Para isso, é preciso orientação e formação para o valor do casamento como verdadeira vocação. Preparação para tanto é fundamental.
Caso contrário, viveremos cada vez mais a panaceia de uniões que não levam à realização das pessoas que se casam, com as consequências muitas vezes danosas para tantos filhos! Não à toa Jesus Cristo fala da união para sempre do casamento entre homem e mulher, para a busca da felicidade, que está num ideal de vida buscado perenemente. A bênção divina está no bojo de tal encaminhamento. Mas é preciso, nessa direção, haver preparação, vontade e responsabilidade de construção da vida a dois para valer.
Nada, assim, vai tirar o casal do sério de uma vida de amor e doação autênticos. Meios coadjuvantes para isso encontramos na ordem natural e sobrenatural: diálogo, compreensão, boa vontade, colaboração, valorização do outro, perdão, oração, meditação na Palavra de Deus, sacramentos, aceitação das observações do outro, aconselhamento…
Muitos são os obstáculos para que o amor matrimonial corra nessa perspectiva. A influência do paganismo, da mediocridade, a falta de formação e influência de grandes meios de comunicação materialistas dificultam a juventude a se pautar na vida por valores acima apresentados. Aliás, na sociedade vemos duas vocações de fundamental importância: a família e a política. Justamente para as duas há muita falta de preparo. As consequências são óbvias!
A Palavra de Deus nos auxilia para valorizarmos a vocação matrimonial: ‘Maridos, amai as vossas mulheres como o Cristo amou a Igreja e se entregou por Ela… Assim é que o marido deve amar a sua mulher, como ao seu próprio corpo… Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne’ (Ef 5,25.28.31).”
São palavras de muita sabedoria, principalmente quando o Arcebispo se refere à ‘aceitação das observações do outro’; sem isso, o casamento estremece. Sabemos que homem e mulher perfeitos não existem, muito menos sonhos para uma vida sem problemas. Leia esta história:
Um homem entra num restaurante com uma avestruz atrás dele. A garçonete pergunta o que querem, e o homem pede: ‘Um hambúrguer, batatas fritas e uma coca para mim e o mesmo para ela’. Depois, a garçonete traz a conta no valor de R$ 32,45. O homem coloca a mão no bolso e tira o valor exato para pagar.
No dia seguinte, eles retornam ao local e o homem diz: ‘Um hambúrguer, batatas fritas e um suco de laranja para mim e o mesmo para a avestruz’. Depois, de novo, o homem coloca a mão no bolso e tira o valor exato para pagar a conta: R$ 34,80.
Isto se torna uma rotina até que, um dia, a garçonete pergunta:
– Vão pedir o mesmo?
– Não, hoje vamos querer um filé à francesa com salada – diz o homem.
Após trazer o pedido para ambos, a garçonete diz:
– Ficou em R$ 87,60.
O homem coloca a mão no bolso e novamente tira o valor exato para pagar, colocando o dinheiro em cima da mesa. A garçonete não controla sua curiosidade e pergunta:
– Desculpe, senhor, mas como faz para ter sempre o valor exato a ser pago?
– Há alguns anos eu achei uma lâmpada velha e, quando a esfregava para limpar, apareceu um gênio e me ofereceu dois desejos. Meu primeiro desejo foi que eu tivesse sempre no bolso o dinheiro que precisasse para pagar o que eu quisesse.
– Que ideia brilhante! – falou a garçonete. – A maioria das pessoas deseja ter um grande valor em mãos ou algo assim, mas o senhor só será rico enquanto viver!
– É verdade, tanto faz se eu for pagar um litro de leite ou uma Mercedes, tenho sempre o valor necessário no bolso – respondeu o homem.
E a garçonete perguntou:
– Agora, o senhor pode me explicar a companhia da avestruz?
– Meu segundo desejo foi ter uma companheira com quadril grande, pernas longas e que sempre concordasse comigo em tudo…
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG)
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