Veja ainda:Quando a saúde encontra a política…
De qualquer modo, isso tudo parece se relacionar à questão da zona de conforto que muitos cidadãos buscam em sua vida: fazer um pé de meia, comprar uma terrinha, uma casinha na praia e tudo isso para quando eu me aposentar… Tudo indica que muitos pretendem “existir” até a aposentadoria e a partir daí começar a “viver”.
Do ponto de vista médico, entretanto observa-se fenômeno bisonte, seja o adoecimento que se dá, não raro, justo no momento derradeiro da conquista tão esperada. O humano que funcionou até então no modo predatório “ter” tenta passar a operar, aposentado, em modo para o qual não se preparou a vida toda, o modo “ser”. Observo no cotidiano que esta mudança comportamental, quando tardia, cobra alto preço de seus adeptos, sendo a doença em todas as suas nuances o principal sintoma. Assim, acredito ser questão de saúde pública a se considerar: educar as referências sociais para inspirar e instilar saúde nas instituições e nas pessoas que delas fazem parte. Coisa simples para o que boa vontade e amor no coração seriam medicações mais que suficientes.
Neste regime, o supremo tribunal do amor (STA) seria a instância máxima não a punir senão por questão de saúde pública arcar com os custos da internação (eventualmente perpétua) e reabilitação psiquiátrica dos contraventores e megalomaníacos que se perderam de si em favor da cobiça. Veja, por favor, que escrevo isso por acreditar e vir falando que “Saúde é Consciência”, de modo que na atualidade com tudo o que se sabe já se poderia estar em situação razoavelmente melhor…
Bem, tudo isso para chegar à questão título desta pequena reflexão: “Você é insubstituível?”. Para alguém ser insubstituível precisa ser único, ímpar, inigualável, genial, tudo isso sinônimos da palavra indivíduo. Para saber se você é insubstituível imagine que neste instante deixará de existir aqui na terra (Pause 30 segundos…). Se perceber que tudo em que estás envolvido continuará acontecendo com ou sem sua presença, isso sugere que você seja substituível, decorrência de operar no modo existir.
Caso tenha se incomodado, isso não é ótimo, mas é bom sinal e indica haver interesse e vida em você. Ser insubstituível requer ser único! De fato, cada um de nós é único e o que nos torna insubstituíveis é ser e viver este aspecto único que trazemos, sentimos, portamos interiormente e manifestamos. Para alguns de nós este algo único é luminoso e pode ser até mesmo visto ou percebido pelos outros e pelos seus cinco sentidos físicos; para outros este algo único é silencioso e sua luz de tessitura tal que transborda, sustenta e une tudo aquilo que está além dos cinco sentidos físicos. Aqui não há melhor ou pior, é na diferença que o único ganha espaço; a diferença é uma das linhas do tecido do amor, sem a qual ele não se pode manifestar, pelo menos não aqui no presente texto…
Ser único não é garantia de vida fácil (zona de conforto), mas garantia de alegria e felicidade pelo simples fato de estar harmonizado ao seu principio diretor, seu sentido existencial. A propósito, felicidade é critério pessoal e não droga ou medicamento encontrado em farmácia ou livro de receitas. Na história de Jó é possível aprender sobre a dicotomia ter e ser, assim como os benefícios e a superioridade do segundo modo em relação ao primeiro. Ninguém é condenado ou obrigado a ser feliz assim como ninguém deveria acreditar que felicidade significa a mesma coisa para todos, como se tenta definir no dicionário.
“Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade”Mário Quintana
Finalmente, quando se ressalta o aspecto único de cada ser como responsável pelo seu caráter insubstituível, seja lembrada a analogia com o quebra-cabeça. Cada uma de suas peças é única e o todo só se compõe quando cada uma ocupa seu lugar exato. Cobiçar algo, desejar ser como alguém ou mesmo invejar são prerrogativas do modo “ter” que colocam em risco a individualidade, torna as peças do quebra-cabeça iguais e impossibilita sua completude. Houvesse duas ou mais peças iguais e o todo estaria comprometido. Da mesma forma, a pessoa que É se torna insubstituível por transbordar a partir de si e não por algo que lhe foi depositado, atribuído ou que a constitua a partir de fora.