“Você é o seu pior inimigo!” Todos nós já ouvimos ou usamos essa expressão, ou alguma outra similar. De fato, quando tomamos uma decisão prática na vida como cuidar da alimentação, cursar uma pós-graduação, ser mais paciente, tolerante ou organizado, e não mantemos uma conduta que permita realizar tais proposições, nós nos autossabotamos.
O problema com a expressão clichê que abre este artigo é que ela encerra um compromisso com a falha. Precisamos substituí-la por outra que estimule o compromisso com o sucesso, e, para isso, cada indivíduo precisa não só dizer, mas sentir-se e agir como o melhor amigo de si mesmo. Isso pode ser alcançado quando se vive a vida conscientemente!
Eu compreendo que, em Logosofia, o adjetivo consciente tem dois significados. O primeiro se refere a um “estado de plenitude que infunde um novo e vibrante fulgor à vida”. Equivale a dizer que cada um deve ser o personagem principal e mais importante da própria vida. Assim, cada decisão, resolução, cada movimento da sensibilidade e da inteligência é realizado com uma finalidade. Trata-se de estabelecer o objetivo e criar na mente os recursos que serão utilizados pela vontade para alcançar o objetivo final, vigiando a própria conduta por meio da atenção constante.
Observemos, por exemplo, o caso de alguém que resolve aproveitar melhor o seu tempo organizando, listando aquilo que fez durante um determinado dia e medindo quanto tempo gastou. Esse alguém observa atividades onde tem gasto inutilmente o tempo. Vai eliminar essas atividades da sua rotina. Depois vai identificar quais de seus afazeres diários podem ser executados em menos tempo, podendo, assim, ter mais tempo para realizar atividades enriquecedoras. Logo passará a observar a determinação de não desperdiçar as horas de seu dia.
O outro sentido do termo consciente se refere às excelências morais de cada ser humano. Entendo, à luz do que estudo, que a consciência é a essência viva dos conhecimentos que a integram. Esses conhecimentos são as virtudes humanas — como a bondade, a decisão, a modéstia, a diligência, a gratidão etc. Neste aspecto, podemos então dizer que viver conscientemente é dar à própria vida um conteúdo elevado e espiritual.
Cada experiência é assim vivida de modo a fortalecer essas virtudes. O foco da vida não está mais no externo, mas em algo interno e intangível. O aprendizado, que robustece as virtudes que residem na consciência, faz com que sejamos pessoas melhores.
Viver assim é estar inspirado em realizações felizes. É viver também identificado com o acerto, eliminando atitudes contrárias aos nossos bons propósitos.
Quem vive conscientemente está comprometido em efetivar suas boas resoluções. Está constantemente atento ao que acontece nos vários campos de sua vida e sempre disposto a compreender as lições que o mundo lhe reserva. Sua postura interna não é a de um inimigo, mas a de um amigo prestativo. Entende que, para triunfar em tudo, é preciso antes se preparar para as experiências. Isso é cuidar de si, é ser o melhor amigo de si mesmo.
Um pensamento de Leandro Borges
Leandro de Melo Borges, servidor público, graduado em arquivologia e ciência política, estuda e é docente de Logosofia em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, desde 2002.