Quanto menos credibilidade temos com as pessoas, mais ouvimos esta pergunta: ‘Você promete?’; e há aqueles inconsequentes que em qualquer circunstância respondem: ‘Prometo!’ Daí em diante, muita coisa pode acontecer, ajudando ou dificultando o cumprimento da promessa, porém, quando há sinceridade por parte daquele que prometeu, não é necessário nem mentir para justificar a possível quebra do compromisso. Sabemos que a verdade é sempre o melhor caminho.
E quando não cumprimos uma promessa a Deus, adianta mentir? Em primeiro lugar, eu diria que não é necessário fazer promessas, pois Ele sabe exatamente do que precisamos. Quem, porém, quiser retribuir, prometa a Deus uma vida de santidade, marcada pelo amor a Ele, ao próximo, e saiba agradecer os sinais de Sua bondade ao longo da vida.
Mas, afinal, quem não cumpre promessas é castigado ou não? Bem, se o amor de Jesus por cada um de nós é infinito, eu não acredito que logo depois de uma bênção maravilhosa Ele iria nos dar um castigo porque não cumprimos o que prometemos. E se Deus nos fez experimentar o Seu amor, Ele o fez gratuitamente e não pelo que lhe prometemos!
Portando, Nosso Senhor não se vinga dos filhos ingratos dessa forma, mas continua lhes dando oportunidades para a conversão; e se a conversão for definitiva na vida de um cristão, agradará muito mais a Jesus do que o cumprimento de promessas.
Isso não significa dizer que ninguém deva pagar as suas promessas, muito pelo contrário. Todos nós temos o dever de agradecer e louvar a Deus pelas graças recebidas, porém, algumas pessoas, em momentos de desespero, fazem promessas quase impossíveis de serem cumpridas; e o que fazer depois?
Volto a dizer que acredito que Deus concordaria que substituíssem as promessas difíceis por uma vida de santidade – marcada pelo amor a Ele e ao próximo. Assim, não precisariam mais se preocupar com novas promessas.
E como é bom ter certeza de que a Misericórdia Divina é infinita, não? Imagine se Deus agisse como nós! Dando um exemplo: um cidadão promete ao amigo ser avalista na compra de um imóvel muito cobiçado, mas, na hora de fechar o negócio, o tal avalista não comparece no cartório e o seu ‘amigo’ perde a grande oportunidade financeira da vida. Considerando que não houve motivo de força maior para a ausência do avalista no horário combinado, como seria o relacionamento entre ambos a partir dali? Dá para imaginar, não?
Pois bem, com Deus, sempre que ‘furamos’ os compromissos, somos perdoados e ganhamos novas chances para nos reconciliarmos com Seu amor. Isso só não dura para sempre porque o nosso tempo neste mundo é limitado. Se o Senhor cumpre tudo o que nos promete e nós nunca lhe mostramos gratidão, o nosso tempo vai se esgotando e o dia do juízo final chegará!
Quando Jesus curou dez leprosos e só um voltou para agradecer (Lc 17, 11-19), Ele indagou: “Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?” Isso mostra que Deus fica feliz com cada coração agradecido, embora não exija sacrifícios de ninguém.
Uma história conta que, certo dia, quando estava blasfemando porque não sarava logo de uma gripe, um homem descrente foi surpreendido com a visita de Satanás, que chegou com uma proposta: se lhe entregasse a alma, não teria mais doenças e nunca iria morrer!
Maravilhado com a possibilidade de não envelhecer e ficar para sempre aqui na Terra, o ateu aceitou prontamente a oferta. A partir daquele dia, usou e abusou dos ‘privilégios’ de ser um imortal: expunha-se a acidentes para receber o seguro, trocava de esposas quando elas envelheciam etc.
Passados alguns anos, cometeu um crime ao envolver-se numa briga e, mesmo preso, desafiava as autoridades a executá-lo na cadeira elétrica – sabia que não morreria. Mas, como tudo o que não vem de Deus traz infelicidade, foi condenado à prisão perpétua! Dali em diante, solitário numa cela, passava os dias chorando e pedindo a sua alma de volta para que pudesse deixar este mundo.
Que promessa infeliz, não? E quanta gente escraviza a própria alma cada vez que aceita definitivamente propostas que ofendem a Deus! Há escravos do vício, da preguiça, da ambição, do egoísmo, da vaidade, da raiva e tantas outras coisas ruins!
Para chegarmos ao Céu, com certeza, temos que nos acostumar a praticar mais o perdão, a oração, a caridade e a justiça social. Adianta dizer ‘Pai nosso’ se o pão é só meu? Adianta pedir perdão a Deus pelos pecados se guardo ressentimentos de algum irmão? Estou agradando ao Senhor se não participo de nenhum movimento em favor dos menos favorecidos?
Unidos no amor, não nos arrependeremos de um dia contar uma história muito mais interessante do que esta do homem que perdeu a alma. E o título será: ‘Com fé, esperança e caridade, vencemos!’
Também recitar e colocar em prática o salmo 39 pode perfeitamente substituir muitas promessas meio inconsequentes: “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!” Dá pra prometer e cumprir isso?
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG)
Livros do autor:
1. Gotas de Espiritualidade – Editora Bookba (à venda na Amazon, Americanas, Shoptime, Magalu…) – mensagens diárias de fé e esperança, com os santos de cada dia.
2. Pegadas na Areia – Editora Prismas / Editora Appris
3. Histórias Infantis Educativas – Editora Cléofas
4. Histórias Cristãs – Editora Raboni
5. O Mendigo e o Padeiro – Editora Paco
6. A Arte de Aprender Bem – Editora Paco
7. Minha Vida de Milagres – Editora Santuário
8. Administração do Tempo – Editora Ideias e Letras
9. Mensagens que Agradam o Coração – Editora Vozes
10. Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão (coautor) – Editora Edgard Blücher
11. Mecânica Geral – Estática (coautor) – Editora Interciência