Por Michelle Reboita
Foto: SECOM/PMI
O período chuvoso, entre outubro e março, na região sudeste do Brasil é muitas vezes acompanhado de eventos extremos de precipitação. Esses eventos extremos são grandes acumulados de chuva em um período de tempo muito curto. Por exemplo, 121 mm em 1 hora, como ocorreu em Petrópolis no dia 20 de março. Para efeito de comparação, o total de chuva no mês de março em Petrópolis é de aproximadamente 250 mm* e em Itajubá de 180 mm**. Os eventos extremos de precipitação são responsáveis por muitos desastres socioambientais dependendo da vulnerabilidade do local onde eles ocorrem. Em Petrópolis, a vulnerabilidade é decorrente das encostas que sofrem deslizamentos e da ocupação irregular de terrenos. Já em Itajubá a vulnerabilidade está relacionada ao extravasamento dos rios e ocorrência de inundações.
Com a ocorrência de dois desastres socioambientais em Petrópolis em dois meses consecutivos (fevereiro e março de 2022), a população itajubense começou a manifestar seu interesse sobre as medidas que já foram implementadas e que estão sendo realizadas em Itajubá para casos de eventos de extremos de precipitação e inundação. Por exemplo, perguntas foram encaminhadas durante o programa Conexão Ambiente, na rádio Panorama, e também no evento promovido pelo curso de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), transmitido via YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=_faOACQsAsg&t=263s), em comemoração ao Dia Meteorológico Mundial (23 de março). Então, esse texto tem como objetivo apresentar as ações da prefeitura de Itajubá e de seus colaboradores para lidar com situações extremas.
A prefeitura de Itajubá já realizou várias obras para melhorar a drenagem em casos de chuva extrema. Uma dessas obras foi na calha do rio Anhumas, isso ajudou a não ter extravasamentos quando da ocorrência das chuvas registradas entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022. A prefeitura de Itajubá junto com o Corpo de Bombeiros está implementando o projeto Criação de Núcleos de Proteção e Defesa Civil – NUPDEC’s para evacuação da população de áreas que venham ser inundadas pelos rios. Antes do projeto ser implementado em todo o município, uma aplicação do mesmo está sendo realizada no bairro Medicina, que é o mais vulnerável ao acúmulo de água em Itajubá. O projeto estabelece rotas de fuga e pontos de encontro para a população em locais seguros. As rotas de fuga serão orientadas através de placas que já estão sendo instaladas. Elas levarão a população a abrigos temporários, que já estão sendo definidos no projeto. Além disso, o Corpo de Bombeiros está em contato com os moradores do bairro Medicina para realização do treinamento. A primeira oferta do treinamento foi cancelada, uma vez que apenas três moradores foram ao evento. Uma nova mobilização está sendo realizada para maior participação da população do bairro Medicina no treinamento, pois não basta ter placas na cidade, as pessoas devem conhecer as estratégias para evacuação nos períodos de eventos extremos. Então, aqui pedimos a colaboração dos moradores para quando solicitados, comparecerem aos treinamentos. O próximo treinamento para o bairro Medicina está agendado para o dia 21 de maio. Os interessados podem entrar em contato com 1º Ten Marco Antônio, na sede do 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais em Itajubá.
Uma outra ação da prefeitura é o convênio estabelecido com o Instituto de Recursos Naturais (IRN) da Universidade Federal de Itajubá para monitoramento do nível do rio Sapucaí e para informe diário da previsão de tempo, atividades coordenadas pelos professores Benedito Cláudio da Silva e Michelle Simões Reboita. Tais informações são cruciais para a tomada de decisão da Defesa Civil. Elas são divulgadas ao público no site meteorologia.unifei.edu.br e, também, no site da prefeitura de Itajubá www.itajuba.mg.gov.br. O site da prefeitura também oferece uma opção de cadastro para o usuário receber as informações diariamente em seu celular (https://monitoramento.itajubadigital.com.br/#/). A prefeitura auxilia os professores do IRN/UNIFEI através da disponibilização de transporte até o local das estações de monitoramento, limpeza das áreas com as estações e pagamento de uma bolsa de estágio para alunos de graduação. Os professores também trabalham para a obtenção de recursos financeiros para aquisição e manutenção de equipamentos bem como para obtenção de bolsas de estudos para os alunos ajudarem nas atividades do projeto. Felizmente, por dois anos consecutivos, os professores mencionados conseguiram aprovar o projeto de extensão associado às atividades em convênio com a prefeitura (projeto intitulado Disseminação de informações hidrometeorológicas e ambientais para a população itajubense), podendo inserir mais alunos nas atividades de pesquisa e desenvolvimento. Portanto, aqui fica um agradecimento à PROEX-UNIFEI. Esse projeto também conta com o espaço Conexão Ambiente na rádio Panorama, que é um canal de comunicação com a sociedade.
Ao longo dos programas Conexão Ambiente outro assunto ressaltado foi sobre a estabilidade dos morros na Vila Isabel e na Nossa Senhora de Fátima. O caso da Vila Isabel tem um processo no judiciário e, por isso, a prefeitura não pode mexer no morro. Entretanto, a prefeitura contratou um geólogo para a análise da estabilidade do morro e está aguardando o laudo técnico. Já no caso da Nossa Senhora de Fátima, o proprietário da área foi notificado para tomar providências. Gostaria de esclarecer à população que quando observarem a presença de áreas de risco, irregularidades etc. comuniquem a prefeitura indico pessoalmente no protocolo para registrar a informação.
Infelizmente Itajubá não sofre apenas no período chuvoso, a estação seca, de abril a setembro, é palco de queimadas que afetam grandemente a saúde da população. A maioria das queimadas são de origem criminosa. Em 2021, a prefeitura juntamente com o Corpo de Bombeiros realizaram várias campanhas tanto na mídia como com panfletagem para as pessoas não atearem fogo na vegetação seca. Além disso, em 07 de maio de 2021 foi estabelecido o decreto municipal número 8430/2021 (http://diariooficial.itajuba.mg.gov.br/upload/Decreto%208430.pdf) que institui o Comitê de Gerenciamento de Crise de Queimadas do Município de Itajubá-MG, que também lhe confere a autoridade de penalizar pessoas identificadas como causadoras de incêndios criminosos. Em 2021, tem-se o registro de uma pessoa pega em flagrante (atendo fogo).
Além da divulgação que a prefeitura faz para a população não atear fogo no período seco, também tem a colaboração com o IRN-UNIFEI. O professor Enrique Vieira Mattos, especialista em sensoriamento remoto da atmosfera, está desenvolvendo juntamente com seus alunos, uma plataforma para monitoramento de focos de calor no Estado de Minas Gerais, mas com destaque no sul de Minas Gerais. Essa plataforma usa dados brutos de satélites que são disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e os processa tornando a informação de fácil entendimento e visualização. Em breve a plataforma será lançada no sítio meteorologia.unifei.edu.br para utilização por todos os usuários que tiverem interesse.
Como mensagem final para nossos leitores, peço que todos colaborem para termos uma Itajubá muito melhor. Participem dos treinamentos oferecidos pela prefeitura e Corpo de Bombeiros. Escolas interessadas em palestras e discussões sobre meio-ambiente bem como as pessoas que tiverem interesse/dúvidas em algum assunto específico entrem em contato conosco pelo link https://meteorologia.unifei.edu.br/gpepsa/?pag=contato. Estamos à diposição para ajudá-los.
Equipe principal: Secretário da Defesa Social Massoud Nassar Neto, coordenador municipal da Defesa Civil Luiz César Pereira, Tenente do Corpo de Bombeiros Marco Antônio de Oliveira Neto e professores Michelle Simões Reboita, Benedito Claúdio da Silva, Enrique Vieira Mattos e Nívea Adriana Dias Pons. Colaboração Octávio Scofano.
Fontes
*https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/03/20/volume-chuva-petropolis-marco.htm
**Estação Meteorológica da UNIFEI