Dificuldades de relacionamento entre médico e paciente e, criar novos hábitos de vida são as grandes dificuldades dos hipertensos
São Paulo, 12 de setembro de 2008 – A doença que atinge 30% da população adulta brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil, é responsável por 40% dos infartos, 80% dos acidentes vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves conseqüências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento.
A adesão ao tratamento quando descoberta a doença é um dos grandes desafios da medicina. Pesquisa realizada pelo Dr. Décio Mion, conselheiro da sociedade Brasileira de Hipertensão e chefe da Unidade de Hipertensão do HC-FMUSP, demonstra que o problema vem desde a consulta médica até a mudança no estilo de vida do paciente. Dos entrevistados, 76% afirmaram estar insatisfeito com o atendimento dos médicos e procuram outro especialista, 30% afirmaram ter toda atenção do especialista e 37% estão satisfeitos com o atendimento. “A relação entre médico e paciente ainda é deficiente e grande parte dos hipertensos se sentem isolados por essa distancia neste relacionamento e acabam desistindo do tratamento”, afirma Dr. Décio.
Já para a adesão ao tratamento, os pacientes que participaram do levantamento realizado pelo especialista em 79% disseram que gostariam de ter mais relação com o médico, 84% mais informações da doença e 91% gostariam que o médico entrasse em contato pós consulta. Esse quadro negativo ainda não pára por aqui. O estudo revelou que 89% dos pacientes consideram os medicamentos utilizados no tratamento caros e 54% não se sentem bem com os remédios prescritos pelos médicos pelos eventuais efeitos colaterais.
“O conhecimento para controlar a hipertensão arterial existe, mas os pacientes não seguem a orientação médica”, lamenta o nefrologista. Nos Estados Unidos, o percentual de doentes com pressão arterial abaixo de 140 mmHg por 90 mmHg, ou seja, em níveis controlados, é de 31% sobre o total de doentes. No Brasil, calcula-se que esse percentual seja inferior a 10%.
A pressão alta é de fácil diagnostico e pode ser tratada e o paciente tem a chance de seguir com a vida tranquilamente incluindo novos hábitos em seu cotidiano. No entanto, por ser silenciosa e não apresentar sintomas imediatamente, ela é um dos principais fatores de riscos de doenças que atinge coração, rins e cérebro. Segundo o Ministério da Saúde, das 900 mil fatalidades registradas no Brasil, anualmente, quase 30% decorrem de alterações no sistema cardiovascular provocadas pela elevação crônica da pressão arterial.
Mais de 80% dos brasileiros adultos medem a pressão arterial regularmente, como comprova uma pesquisa de 2006, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. “O problema é a negligência nas demais etapas do processo, do diagnóstico, orientação do tratamento e uso efetivo dos medicamentos. E ela ocorre porque a doença não causa dor”, observa o nefrologista.
Novo estilo de vida
Há dois tipos de tratamento para hipertensão: com e sem medicamentos. O uso ou não de remédios vai depender do estágio da doença e do risco cardiovascular do paciente. Uma pessoa que acabou de ser diagnosticada pode conseguir reverter à alta da pressão adotando um estilo de vida saudável, que inclua redução do sal na alimentação, maior consumo de vegetais e pouco ou nada de álcool.
Esses novos hábitos com a prática regular de exercícios físicos e a perda de peso. “Essas mudanças de hábitos servem tanto para a prevenção da doença como para o seu tratamento”, ressalta o nefrologista. Reduzir o consumo de sal significa consumir, no máximo, 6 gramas diárias, o que equivalente a quatro colheres rasas das de café. O brasileiro consome, em média, 12 a 14 gramas de sal por dia.
O controle do peso e a realização de atividades físicas regulares durante pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, contribuem não só para o controle da hipertensão, mas também para a queda da insulinemia (excesso de insulina no sangue), além de reduzir a sensibilidade ao sódio e diminuir as atividades do sistema nervoso simpático.
O fumo é o único fator de risco totalmente evitável de doença e morte cardiovasculares. Evitar esse hábito, que em 90% dos casos ocorre na adolescência, é um dos maiores desafios em razão da dependência química causada pela nicotina. No entanto, programas agressivos de controle ao tabagismo resultam em redução do consumo individual e se associam à diminuição de mortes cardiovasculares em curto prazo.
10 MANDAMENTOS CONTRA A PRESSÃO ALTA
01. Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
02. Pratique atividades físicas todos os dias.
03. Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.
04. Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes.
05. Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba.
06. Abandone o cigarro.
07. Nunca pare o tratamento, é para a vida toda.
08. Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde.
09. Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer.
10. Ame e seja amado
Fonte: Maxpress