Para muitos de nós, a chuva tornou-se um empecilho, as crianças não podem brincar lá fora, temos de levar guarda-chuva e às vezes brincamos dizendo que para fazer chover, basta lavar o carro.
Para os agricultores, a seca pode significar sérias e reais dificuldades, não apenas financeiras, mas da própria sobrevivência, enquanto as inundações destroem lavouras e moradias.
A maioria de nós, quando longe dos problemas e dos lugares atingidos, sente as consequências da falta ou excesso de chuva pelo noticiário da noite, ou no supermercado, pela carência de produtos ou aumento de preço dos legumes ou frutas.
Nossos antepassados tinham outra visão e os seres e eventos da Mãe Natureza eram sagrados.
A chuva é um símbolo universal de fecundidade e fertilidade, considerada doadora e sustentadora da vida animal, vegetal e humana, um verdadeiro fluido divino criador da vida.
Na maioria das antigas culturas e tradições nativas o princípio feminino era representado pela água, regida pela Lua. São as “águas da vida” que cercam o feto e é o oceano primordial que representa a fonte da vida. Rios, correntes, fontes, lagos, mares são associados com a “Senhora das águas que correm”, revelando a natureza fluida e mutável da Deusa.
Em outras culturas a chuva era o princípio masculino da fertilidade, o “sêmen divino” que fertilizava a terra, feminina e acolhedora, de onde o alimento brotava.
Mas os deuses podiam também ser vingativos e coléricos e inundar a terra com as tempestades violentas originadas do seu choro convulsivo, pela ingratidão dos homens.
Ou podiam também, magoados pelos atos dos humanos, virarem-lhe as costas e negarem-lhe a chuva da vida. A seca cobria a terra e a fome era a punição mais cruel que podia ser infligida à humanidade.
Eu não sei vocês, leitores, mas eu tenho rezado para Zeus (deus grego), Júpiter (deus romano), Xiumu Niangniang (Mãe das Águas chinesa), Ranu Mbai indu, Wonambi australiana, Mokosh eslava, Mbaba Mwana Waresa africana, Rana Neida finlandesa, Mokushka russa, Nut egípcia, Chalchihuitlicue mexicana, Inana suméria, para todos os deuses e deusas que queiram me ouvir.
Parece que os deuses antigos entendem melhor o amor e o respeito à Natureza que os humanos deveriam ter…