E quase nunca se tem, diga-se de passagem!
Tudo andou bem enquanto se tratava de tecnologia; quando a necessidade era de atenção, carinho, delicadeza, calor humano, o mais avançado hospital do Brasil, de excelência internacional, deixa muito a desejar.
Já antes da internação alguns pequenos sobressaltos nos tinham incomodado. Cirurgia marcada há tempos, o médico sabia que desta vez não morávamos mais em São Paulo; que chegaríamos no dia e na hora marcadas, sem “base de apoio” na cidade grande.
Portaria (suntuosa) do hospital: nenhum exame marcado, nenhum apartamento reservado, nenhuma cirurgia agendada!
Como mineiro não dorme de touca, eu ligara para o hospital no dia anterior e já suspeitara, pelas respostas enviesadas das funcionárias, que algo poderia sair errado no dia seguinte. Em seguida tinha então falado com uma amiga, médica do mesmo hospital, que ficaria disponível para nos ajudar com a burocracia.
Em resumo: o próprio paciente fez o pedido dos exames pré-cirúrgicos, e até mesmo o pedido de internação. Nossa amiga chegou em seguida e se tornou a médica responsável pelo paciente…
E ela foi o nosso apoio constante ao longo dos dias de internação, evitando inclusive que Marco fosse abrupta e desnecessariamente levado para a UTI, quando se queixou de dor no peito.
Esta dor não passava de refluxo de alimento para o esôfago, condição mais do que esperada em uma cirurgia recente e um paciente acamado… Bastava que o médico chamado ao quarto tivesse feito algumas poucas perguntas e lido o prontuário do paciente, e não precisaria quase ter entrado em uma “luta corpo a corpo” comigo…
As minhas palavras não são apenas o desabafo de uma acompanhante que vê que o seu querido não passa de um número ou de uma doença num famoso hospital da cidade grande.
As minha palavras tentam ser um grito de alerta a todos nós, pacientes, famílias e profissionais das cidades grandes ou das pequenas:
“Que medicina é esta que estamos todos aceitando que se faça nos nossos hospitais?”
“Em que máquinas frias e insensíveis nos estamos tornando, como se copiássemos a tecnologia que tanto nos encanta?”
“Por quanto tempo mais ficaremos, profissionais e doentes em lados opostos, nos culpando mutuamente pelas nossas incompetências e frustrações?”
Faço um convite a todos prá pensarmos juntos no que podemos fazer em conjunto: alguém aceita o desafio?