Olá pessoal!
Esperamos que todos estejam muito bem!
No nosso painel de Educação Financeira de hoje vamos tratar de um assunto que é recorrente em nossas discussões: a Taxa Selic.
Em vários painéis tratamos das elevações da taxa. Em outros, falamos também da redução dela. Mas, o que aconteceu nessa semana, está sendo considerado um marco. Foi a primeira vez em 3 anos que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic e em um percentual considerado relativamente significativo. A decisão surpreendeu boa parte do mercado financeiro que, de acordo com as projeções, apontava para um corte de 0,25% e não de 0,5%, como ocorreu.
Vários ouvintes nos enviaram mensagens para saber mais sobre o corte da taxa. Para elucidar mais sobre o tema, vamos apresentar a pergunta da Sra. Sandra Rosa, que foi:
“Professores do DENARIUS, como a Selic afeta o meu dia a dia?”
Dona Sandra Rosa, aparentemente a sua pergunta é simples. Mas a resposta para ela é complexa e abrange toda a nossa economia. Ela abrange desde os juros de financiamentos e empréstimos, os rendimentos de investimentos, podendo chegar até mesmo aos empregos que são gerados nas nossas cidades.
Como já comentamos em outros painéis, a taxa Selic é um instrumento de política econômica usado para controlar a inflação. De modo mais simples, ela representa o custo do dinheiro.
Portanto, quando a taxa Selic está alta, o dinheiro de modo geral fica mais caro. Isso para os consumidores implica em crédito mais caro. Ou seja, no financiamento dos bens (casa, carro, eletrodomésticos etc.) a parcela de juros da prestação será maior. O que dificulta a compra dos bens, pelo elevado custo.
Para a empresas, a taxa Selic em patamares elevados representa também um custo maior para financiar os projeto produtivos. Em outras palavras, acaba tornando os projetos inviáveis, porque o dinheiro fica mais caro. Isso faz, portanto, que as empresas diminuam os investimentos e, consequentemente, não expandam os negócios, gerando menos empregos.
Dona Sandra Rosa, não se deixe enganar. A taxa Selic ainda está em um patamar muito elevado (13,25% ao ano). Mesmo com a redução, o Brasil ainda figura no topo da lista dos países com as maiores taxas de juros reais do mundo. Com taxa de juro real de 6,68% a. a. (descontado a inflação), o Brasil fica à frente de países como México (6,64% a.a.), Colômbia (6,15% a.a.), Chile (4,60% a.a.) e África do Sul (3,82% a.a.). Países em que a economia é mais desenvolvida, as taxas reais são bem menores (Reino Unido: 2,36% a.a.; Estados Unidos: 1,82% a.a.; China: 1,67% a.a.; França: 0,55% a.a.; Alemanha: 0,3% a.a.; Japão: 0,24% a.a.).
Apesar da redução ocorrer de forma gradual e comedida, esse movimento do Copom representa um marco na economia. Pois todas as demais taxas associadas à Selic abarão reduzindo também. Isso permite que as pessoas mudem a referência para balizar a expectativa sobre o futuro da economia.
De modo indireto, a Selic pode afetar também o câmbio. Com um valor mais baixo, ela pode causar um relativo aumento na cotação do dólar, inviabilizando, por exemplo, a compra de produtos importados e incentivando a produção local.
A associação de vários elementos como os apresentados pode, por exemplo, aquecer a economia nacional e, consequentemente, aumentar a oferta de empregos. Com o mercado de trabalho aquecido, há aumento de demanda por mais serviços e consequentemente mais empregos podem ser gerados.
Outro item que vale destacar é que, a queda da Selic pode também fomentar a criação de novos negócios. Isso porque a taxa de juros para renda fixa acaba ficando menos interessante e os grandes investidores acabam aplicando mais em negócios reais, fomentando o desenvolvimento econômico e consequentemente a Bolsa de Valores.
Viu só dona Sandra Rosa. Como uma pergunta aparentemente simples, acabamos falando de quase todos os setores da economia. Por isso, entender um pouco mais dos componentes econômicos é tão importante para o seu planejamento financeiro pessoal.
Esperamos que tenha gostado do nosso painel de hoje.
Abraço e até o próximo!
Por Prof. André Medeiros e Prof. Moisés Vassallo