Infelizmente em algum momento sócios, diretores ou gerentes perdem a comunicação entre si. Uma das consequências da perda do diálogo pode ser o surgimento de uma crise na empresa.
Num negócio os sócios juntamente com os colaboradores constituem a alma da empresa. Já a parte física da empresa incluindo tudo aquilo que ela detém e produz pode ser considerado como o seu corpo. Logo, se a alma da empresa não vai bem tudo isto será refletido na sua atividade.
Uma das primeiras medidas que o dirigente deve tomar diante do aparecimento de uma crise é identificar sua causa. A causa é a semente e sabemos que a semente possui todas as respostas. Tratar o efeito somente vai aliviar a dor, mas isto é temporário. É importante considerar que a causa pode estar em nós, que nós permitimos de alguma maneira que a situação chegasse naquele ponto.
Recomendo que o dirigente tenha uma sincera conversa com seus sócios e colaboradores, que reconheça o momento de dificuldade da empresa, e que até se arrependa publicamente pelos seus equívocos. Infelizmente em muitos casos eu vi o dirigente se trancar em sua sala acreditando que o isolamento o salvará. O que não é verdade.
Outra medida importante é o dirigente se cercar de pessoas com histórico na gestão de crises. Existem diversos profissionais especializados neste tipo de assunto, eles possuem experiência, portanto, sabem analisar e minimizar os efeitos de uma crise empresarial. Por estarem fora do problema possuem uma visão clara da situação e podem contribuir de um modo mais eficaz.
Oriento que o dirigente não tome nenhuma atitude reativa. Vou dar um exemplo: Tive um cliente que havia tomado dinheiro emprestado de um amigo a 5% de juros ao mês. Quando sua empresa entrou em crise este amigo o pressionou tanto que ele emitiu títulos frios no mercado para pagá-lo. No entanto, esta operação de títulos frios resultou em processos criminais, e ele ainda sofreu um pedido de falência por conta disto. Tudo porque ele foi reativo a cobrança do amigo. Ser reativo é agir conforme o comportamento do outro. Neste momento temos que ser proativos o que é completamente diferente.
Uma crise empresarial pode ser um momento único para fazer àquela faxina que já deveria ter sido feita há tempo. Então não perca a oportunidade e depois de muito refletir encerre todo tipo de relação que não esteja favorecendo a empresa. Não seja complacente. Lembre que provavelmente a complacência deva ter contribuído para que você chegasse a este ponto de crise.
Eu recomendo que você não aumente o tamanho do problema nem o dimínua, que seja realista, o que se torna muito difícil nesta hora, uma vez que pessoas emocionalmente abaladas não conseguem ter uma percepção adequada da realidade. Uma boa saída para este ponto é meditar. Está comprovado cientificamente que meditação é um meio eficaz para entrarmos em equilíbrio.
Também recomendo que você se aproxime da sua família. Você não sabe e não consegue enxergar no momento de crise, mas sua esposa talvez seja a única pessoa que realmente se importe com você nesta hora. Por isso, não lute contra ela, não transfira para ela as suas frustrações. Nesta hora amar e ser amado pode te salvar. Sobre os filhos, por favor, os deixe fora dos seus problemas, apenas deixe claro que o momento é de união e amor.
A Lei Brasileira possui uma série de regras que podem ajudar a empresa em crise, elenco algumas delas:
a) O empresário pode requerer em Juízo a Recuperação Judicial da empresa apresentando um plano de recuperação para seus credores;
b) Existe uma lei que permite que a empresa pague suas dívidas com 30% de entrada e mais 6 (seis) parcelas;
c) Se um contrato firmado pela empresa se tornar excessivamente oneroso a empresa pode pedir sua revisão em Juízo;
d) O Judiciário tem contribuído para que as empresas tenham condições de liquidar suas obrigações determinando a realização de audiências de conciliação.
e) As empresas costumam priorizar os acordos, uma vez que a disputa judicial é custosa e demorada.
Esperamos contribuir para aqueles que estejam passando por um período de dificuldade. A nossa intenção é alertar o leitor que existem diversos mecanismos para ajudá-lo a sair do estado de crise. Sair de uma crise é um exercício de humildade, vontade e bom senso. Tenho certeza que você aprenderá com este momento, e espero que daqui a alguns anos você esteja dando boas risadas deste período.
Um grande abraço a todos.