Houve época em que a gente até se cansava das férias; quando dava um certo fastio, uma sensação de “de novo?”, ainda faltava um tempo pras aulas ou pro trabalho outra vez.
Vejam: não era só no tempo de criança, não. Aposto que mais adultos sentem a mesma coisa.
Alguns dizem que o tempo anda mais depressa; uns são físicos e alegam as mudanças no eixo da terra, outros são místicos e anunciam a chegada acelerada do fim dos tempos e outros, a maioria, os cidadãos comuns entre os quais me incluo, apenas corre atrás do tempo…
Incrível! A semana mal começa já está no meio; o fim de semana termina sem aviso, assim como quem precisa dar lugar prum tempo que não cabe mais nas nossas vidas.
Onde estão hoje aquelas horas em que a gente fazia jardinagem? Botava comida pra passarinho e ficava sentado por perto vendo os bichinhos se atropelarem pelos grãozinhos?
Brincar com os filhos ou com os netos: quem faz hoje com a mesma calma de antes? Quem constrói brinquedo com sucata guardada só pra isso mesmo?
Quem se senta na varanda pra fazer penteado no cabelo das filhas, uma com rabo de cavalo, outra com maria chiquinha e as quase mocinhas com trança no topo da cabeça?
Quem senta num banco confortável pra ler um livro, absorto, e levanta de vez em quando a cabeça, cismando com o personagem que se parece com a gente?
Quem hoje fica cansado de não fazer nada no feriado ou no fim de semana?
Ou será que sou eu, apenas eu a não dar conta das coisas (muito boas de fazer, por sinal, porque tenho a sorte de trabalhar com o que adoro fazer) que tenho pra fazer?
Ou a idade? Talvez a velhice nos torne mais lentos e aí a gente pensa que o tempo passa mais rápido…
Ou é, mesmo, essa vida de hoje?