○ No Brasil eutanásia é considerada um suicídio assistido, explica professora da EEWB

O caso da médica de Curitiba que é acusada de homicídio após desligar os aparelhos de pessoas nas UTIs gerou uma grande polêmica em todo o Brasil, trazendo de volta a tona o tema eutanásia.

A enfermeira Ivandira Anselmo Ribeiro Simões, professora de Bioética e Metodologia do Cuidado na Escola de Enfermagem Wenceslau Brás (EEWB) explica que eutanásia (do grego ευθανασία – ευ “bom”, θάνατος “morte”), ou seja, uma morte sem sofrimento, ganhou uma conotação diferente no século 17 sendo definida como a prática de provocar ou causar a morte de um paciente a pedido dele ou de seus familiares.

Eutanásia, então, trata de adiantar um processo de morte a pedido do paciente que esteja sofrendo muito, ou que esteja com uma doença incurável e irreversível. No Brasil, a eutanásia é crime.

A justificativa é que não se sabe até que ponto aquela pessoa está necessitando, sofrendo por dor, “porque às vezes num momento de dor, você quer morrer e muitas vezes, você aliviando a dor a pessoa não quer mais morrer” comenta a enfermeira. Se é uma doença incurável a pessoa tem ainda outros meios, outras formas de ter uma morte digna, com melhor qualidade de vida.

No Brasil a eutanásia é considerada um suicídio assistido.

Existem dois tipos de eutanásia, a ativa e a passiva. Na ativa o médico injeta uma medicação letal na veia do paciente e na passiva ele omite certos cuidados e tratamentos, levando o paciente à morte.

Outro conceito muito importante é a ortotanásia que é sinônimo de morte digna e trata de colocar qualidade de vida nos poucos anos que restam à pessoa, algo perdido atualmente. A morte hoje em dia, principalmente no ocidente, se tornou um tabu, algo que precisa ser combatido e evitado.

As pessoas não sabem lidar com a morte, perdeu-se essa morte digna. A ortotanásia diz respeito à morte natural que a sociedade atual tanto teme. Antigamente as pessoas morriam em casa, cercadas por amigos. A morte fazia parte do dia-a-dia da vida das pessoas.

Existe no Brasil a Diretiva Antecipada de Vontade, onde uma pessoa que possui uma doença incurável e irreversível pode conversar com seu médico e dispensar um tratamento extraordinário. A insistência nesse tratamento fútil, inclusive, decai na distanásia.

Na EEWB os alunos são ensinados desde o 1º ano, em Metodologia do Cuidado, a respeitar a morte. Os alunos têm durante todo o curso seis metodologias e aprendem, não apenas isso, mas também as fases da morte. Eles são instruídos a não abandonar a pessoa no final de sua vida, é preciso preparar as pessoas.

As pessoas que desejam obter informações sobre como lidar com essas situações podem entrar em contato com a EEWB no CAEnf, ou com a enfermeira Ivandira Anselmo Ribeiro Simões no seu horário de ouvidoria de segunda a sexta-feira, das 7h às 11h30. O telefone para contato é o (35) 3622 0930.

Assista ao vídeo com a entrevista completa.