○ Novo tipo de doping cria atletas de alto rendimento através da introdução de genes artificiais

A ciência do esporte trabalha a condição física do atleta, estando ligada ao estudo de técnicas e métodos de treinamento e preparação física de indivíduos ou equipes para competições esportivas. Segundo o fisiologista e especialista em genética e ciência do esporte, Rodrigo Gonçalves Dias, a ciência do esporte está relacionada à avaliação fisiológica, anatômica e biomecânica do atleta.

Rodrigo foi vencedor do prêmio Jovem Cientista de 2012 e fala sobre os resultados nos esportes hoje, com recordes sendo quebrados cada vez mais rapidamente. Segundo ele isso se deve ao aperfeiçoamento do treinamento e à tecnologia que é aplicada na preparação dos atletas. Basicamente, se deve à evolução da ciência do esporte.

Infelizmente também pode contribuir para essa performance cada vez mais alta a evolução do doping. Especula-se que o uso de drogas tenha a capacidade de aumentar a performance física do atleta, entretanto, não existe nenhum estudo científico mostrando que o uso de esteroides, por exemplo, tenha de fato esse efeito.

O motivo de não haver estudos sobre isso é simples: nenhuma comissão cientifica e de ética no mundo vai permitir a administração de drogas num atleta para testar a veracidade do que propõe cada droga.

Para entender o doping é preciso também entender que se um atleta chegou ao topo como uma atleta de elite, ele já é favorecido naturalmente com uma genética que lhe permite um alto rendimento para determinada modalidade esportiva. O que acontece é que esse atleta só poderá melhorar sua performance até um determinado limite e não importam técnicas de treinamento ou dietas, após isso ele não conseguirá nada a mais para diminuir seu tempo, por exemplo.

Normalmente é neste momento que o atleta procura os meios ilícitos. “A droga é a única coisa que tem a capacidade de amplificar a performance física humana além do limite fisiológico do organismo daquela pessoa”, explica Rodrigo.

Hoje já existe o chamado doping genético, que introduz um gene artificial no organismo do atleta para produção de um hormônio. Os atletas que fazem uso desse tipo de mecanismo são chamados transgênicos ou geneticamente modificados e esse doping não é testado nos eventos esportivos ainda, ou seja, se acontecer não será flagrado.

Claro que não existe uma ciência sendo estudada para desenvolvimento do doping genético, ele nada mais é a versão suja e ilícita de algo muito positivo que está sendo desenvolvido neste momento: a terapia gênica. O objetivo da terapia é tentar minimizar as consequências de uma doença genética, como uma distrofia muscular, introduzindo um gene artificial que induza hipertrofia nessa pessoa.

A terapia gênica já está sendo testada em pacientes e tem gerado bons resultados. Infelizmente isso despertou o interesse de pessoas mal intencionadas e se transformou em uma forma de trapaça não detectável. Além de ser ilegal, o doping através traz diversas consequências para o atleta, que acaba vendendo a própria saúde por um lugar no pódio.

Para os Jogos Olímpicos Rio 2016, a propaganda que se tem feito sobre os laboratórios e testes antidoping que serão aplicados é vista com desconfiança. Não existe teste antidoping para todas as drogas. Claro que a ciência está em constante avanço e muito investimento é feito no sentido de aprimorara esses testes, mas a realidade é que o “rato está à frente do gato” e isso não deve mudar.