○ O aumento do consumo de drogas gera o aumento da violência, segundo delegado

O Conselho Municipal Antidrogas (COMAD) tem como principal função promover políticas públicas e analisar caminhos ou medidas que possam ser tomadas, elaborando propostas e encaminhando para o Poder Público Municipal para serem efetivadas. Recentemente o COMAD de Itajubá realizou o I Encontro Regional de Políticas Sobre Drogas onde se discutiu a otimização dos procedimentos aplicados no que diz respeito às políticas sobre drogas. Responsável pela Delegacia de Entorpecentes de Itajubá, o Dr. Alexandre Valentim diz que não só a nível municipal, mas também estadual e nacional, se caminha a passos muito lentos no que tange políticas públicas sobre drogas.

A Secretaria Nacional de Políticas Antidrogas divulgou um levantamento sobre o perfil do usuário de drogas nas grandes capitais e dentro desse perfil foram contabilizados 375 mil usuários de crack, 78% homens e 22% mulheres. Ainda dentro do perfil pode-se perceber um grande número de adolescentes (14 a 20%) e dentro daqueles 22% de mulheres, 10% estavam grávidas e 80% realizavam algum tipo de prostituição para ganho remuneratório para aquisição de drogas.

A pesquisa visa desmistificar alguns pontos como o início do uso da droga e trazer em pauta alguns problemas. A pesquisa conseguiu mostrar que o início do crack, por exemplo, ocorre devido ao baixo valor aquisito da droga e trouxe relatos dos usuários de suma importância. A maioria dos usuários relatou que iniciou o consumo de crack por problemas sociais ou familiares, o que reforça a importância da implementação de políticas públicas.

Apesar de ter sido feita nas grandes capitais, a pesquisa pode ser transportada para a realidade das cidades interioranas, uma vez que o perfil dos usuários é muito próximo ou igual. O Dr. Alexandre Valentim explica que o início de dá por conta de problemas sociais ou familiares, mas o vício agressivo que a droga provoca leva o usuário à prática de crimes e prostituição. Essa realidade existe mesmo nas cidades pequenas, mesmo em Itajubá, afirma Valentim.

A posse de drogas para uso ainda é crime e a apreensão de crack em Itajubá aumentou significativamente nos últimos anos, havendo apreensões constantes. Paralelamente a isso os crimes violentos estão intimamente ligados a essa situação. O efeito que droga tem no organismo faz com que o usuário permeie o mundo marginal e o vício o leva a cometer crimes, inclusive os violentos como homicídio. Além disso, há também a questão de cobrança por parte do traficante por drogas adquiridas e que não foram pagas.

Muitas vezes a sociedade tem a impressão de que a polícia ou não vê ou finge que não vê o tráfico, já que ele é visível e o cidadão faz a denúncia constantemente. Em vista disso, o delegado explica que para efetuar a prisão de alguém é preciso provas e o traficante hoje não trabalha vendendo a droga diretamente, ele tem aqueles que trabalham pra ele, muitas vezes adolescentes que não podem ser colocados sob custódia e quando pegos com drogas são ouvidos, liberados e encaminhados ao representante do ministério público.

O que acontece é que a dinâmica criminosa hoje é muito grande, a quantidade de pessoas que tem se dedicado à prática de tráfico de drogas tem crescido e em contrapartida e capacidade logística e pessoal de investigação da polícia é limitada. Não é possível ver todos os casos apresentados, no momento que são apresentados. Valentim lembra o caso da prisão de traficantes que atuavam nos Bairros Cantina e Boa Vista, um dos casos levou 5 meses par ser concluído, mas todos os envolvidos foram presos devido ao trabalho lento e eficiente e que gerou todas as provas necessárias.