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O ideal de uma crônica

Publicado por Misa Ferreira em 21/01/2013
Minha crônica ideal seria aquela que lembrasse, ainda que bem de longe, alguma das incríveis crônicas de Rubem Braga. Digo isso porque quando leio seus artigos, penso que escrever é fácil, tão fácil e tão simples como descascar uma laranja, escovar os dentes ou qualquer outra coisa assim tão fácil e corriqueira que a gente faz todos os dias. Mas não é bem assim que acontece. Eu diria que para mim às vezes é tão difícil quanto resolver um problema absolutamente insolúvel de física ou de matemática, tanto faz uma como a outra, pois sempre fui péssima nas duas matérias.

E Rubem Braga, que este ano completaria cem anos se ainda fosse vivo, era o mestre da crônica. Fez em sua vida, nada mais nada menos do que quinze mil crônicas adoráveis, cheias de humor e simplicidade, falando sempre de modo tão bonito sobre coisas tão triviais. É que temos o péssimo hábito de nos acostumarmos com o mundo e não prestamos mais atenção nele, achando que a felicidade depende de grandes acontecimentos. Aí Deus, em sua bondade e paciência, manda um ourives da palavra para escrever de tal forma que faça a gente perceber como a vida que acontece todos os dias é preciosa e vale a pena ser vivida.

Fazendo uma crônica, Rubem Braga homenageou um padeiro que conheceu em certa época de sua vida. O homem trazia os pães, mas para não incomodar os moradores do prédio, apertava a campainha e já avisava gritando: “Não é ninguém, é o padeiro!”. Interrogado pelo cronista, o padeiro contou cheio de humor que mais de uma vez, ouvira uma voz de lá de dentro que perguntava à empregada que atendia à porta quem era que batia, ao que a moça respondia na maior sinceridade: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro!”. E foi aí que o padeiro descobriu que não era ninguém. Mas contava essa história sorrindo, sem mágoa alguma. Rubem Braga se comparou ao padeiro, pois sabia que sua crônica sem assinatura ia todos os dias, bem quentinha assim como o pão para milhares de casas. Tal como o padeiro, ele também não era ninguém, apenas um anônimo que escrevia. Mas confessava que se sentia importante quando, ainda rapaz, via pronto no jornal um artigo ou uma crônica com seu nome. Nada como se reconhecer humano, sujeito a misérias como todos.

Mas, afinal, qual seria o ideal de uma crônica? A que enfocasse um melhor tema sobre os conflitos atuais, políticos, sociológicos, religiosos ou sobre intricados romances familiares? Pois Rubem Braga era considerado o rei da falta de assunto e segundo os papas da literatura, ele escrevia melhor quando não sabia sobre o quê escrever. Assim foi feita a crônica “A boa manhã”, em que o escritor fala sobre a felicidade dos dias comuns: “… chupo uma laranja, e isto me dá prazer. Estou contente. Estou contente da maneira mais simples – porque tomei banho e me sinto limpo, porque meus braços e pernas e pulmões funcionam bem; porque estou começando a ficar com fome e tenho comida quente para comer, água fresca para beber”.

É. A falta de assunto já é um bom assunto. É arregaçar as mangas e começar. Mas insisto que escrever não é fácil … para mim … deixo claro. E ouso dizer como Clarice Lispector ou como alguém que já disse, pois até já li que esta frase foi atribuída indevidamente à Clarice, mas vá lá: “Não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas, mas voam faíscas e lascas como aços espelhados”. Ou seja, a gente sua, dói, mas quando o texto vai ficando pronto, é divino! É demais! É delirante!

De qualquer maneira, fica aqui minha homenagem a Rubem Braga, que escrevia bem e gostoso porque para ele a “crônica era viver em voz alta”.

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