O mais importante é termos paz de espírito, com tempo para rezar, servir o próximo, participar dos sacramentos e perdoar. Sempre que agimos assim, muitas bênçãos recaem abundantemente sobre nós a cada instante. Mesmo com problemas financeiros ou de saúde, se estamos com o coração limpo de pecados, conseguimos caminhar com dignidade cristã; mas, para isso, é preciso confiar na graça.
E para confiar na providência Divina, temos que nos libertar: das superstições, de acreditar que somos azarados, de achar que tudo é coincidência, enfim, nada é fruto do destino porque qualquer coisa pode ser mudada pela oração. Você crê nisto?
Nem é preciso dizer que se eu não acreditasse, não rezaria o terço nem coordenaria pastorais na Igreja de Jesus Cristo. O amor que vem do alto me impulsiona a não ficar parado quando Deus me chama, e isso tem acontecido cada vez mais ano após ano. Tenho consciência que ainda é pouco porque não estou aposentado e também curto minha família, mas acredito que faço a minha parte.
Só estou fazendo esta reflexão porque participei de um encontro católico e fiquei maravilhado com tantos testemunhos de fé e perseverança nos caminhos santos do Senhor. Quando disseram que ‘se agarraram com unhas e dentes nas mãos de Deus para não cair em tentação’, passava em minha mente o desejo que todos os meus amigos e parentes fossem assim. E seriam, se o Reino já estivesse sido construído na Terra. Mas, por que falta essa visão de santidade a tanta gente?
Aconteceu que o dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, certo dia abordou-o na rua e disse:
– Sr. Bilac, estou querendo vender o sítio que o senhor tão bem conhece. Será que poderia redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou lápis e papel e escreveu: ‘Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortado por cristalinas e verdejantes águas de um lindo ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na varanda’.
Alguns meses depois, o poeta encontrou-se com o comerciante e perguntou-lhe se já havia vendido o sítio.
– Não pensei mais nisso – disse o homem. – Depois que li o anúncio é que percebi a maravilha que eu tinha!
Então, às vezes não percebemos as coisas boas que possuímos e vamos longe atrás da miragem de falsos tesouros. Devemos valorizar o que temos e que nos foi dado gratuitamente por Deus: os amigos, o emprego, o conhecimento que adquirimos, a saúde para ajudar o próximo, o sorriso dos filhos, a fé no coração e o afago do cônjuge. Estes sim, são verdadeiros tesouros do Reino de Deus.
Se muitos tivessem consciência do quanto suas vidas são efêmeras, talvez pensassem duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que têm de ser e de fazer os outros felizes. Flores são colhidas cedo demais – algumas, mesmo ainda em botão. Há sementes que nunca brotam e há aquelas flores que vivem a vida inteira até que, pétala por pétala, tranquilas, se entregam ao vento. Mas há quem não sabe discernir, não sabe por quanto tempo estarão presentes e tampouco aquelas flores que foram plantadas ao seu redor.
Generalizando um pouco, entristecemo-nos por coisas pequenas e perdemos horas preciosas. Não damos um beijo carinhoso porque não estamos acostumados com isso e não dizemos que gostamos porque achamos que o outro sabe automaticamente o que sentimos.
E passa a noite, chega o dia, o sol nasce e adormece, e continuamos os mesmos, fechados em nós. Reclamamos do que não temos ou achamos que não temos suficiente. Cobramos dos outros, da vida, de nós mesmos.
Costumamos comparar nossas vidas com as vidas daqueles que possuem mais que a gente. E se experimentássemos comparar com aqueles que possuem menos? Isso faria uma grande diferença, não é mesmo? Enquanto isso, o tempo passa…
Passamos pela vida e não valorizamos a graça. Sobrevivemos, porque não sabemos fazer outra coisa. Até que, inesperadamente, acordamos e olhamos pra trás. E então nos perguntamos: e agora?
Agora, hoje, ainda é tempo de reconstruir alguma coisa, de dar o abraço amigo, de dizer uma palavra carinhosa, de agradecer pelo que temos. Nunca se é velho ou jovem demais para amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso.
Não olhe para trás. O que passou, passou. O que perdemos, perdemos. Olhe para frente! Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao seu redor. Ainda é tempo de voltar-se para Deus e agradecer pela vida, que mesmo efêmera, está presente em você.
Pense, aproveite mais espiritualmente sua vida, pois daqui a pouco o ano estará acabando.