Porque filho é amor intenso mas muita canseira, sono atrasado, tarefa de escola que não acaba mais, vigilância cerrada sem constranger, namorado esquisito e por aí vai.
Neto não… Neto é delícia pura, amor sem limites nem obrigação, amor quase de estragar. Amor de resgate, que com filho a gente erra e com neto conserta.
Por outro lado, avós são passaporte para a alegria e para tudo aquilo que, quando pais, dava pouco tempo pra fazer com os filhos.
Porque avós ouvem com o tempo que os pais quase nunca têm, entendem melhor as primeiras dores de amor e sabem mais do que os pais que tudo vai dar certo no fim apesar de não parecer, no começo…
Netos curam as dores das perdas que se acumulam no coração dos avós, com as suas mãozinhas inábeis ainda para fazer coisas de gente grande, mas poderosas pro carinho.
Netos ensinam os avós a se perdoarem por tudo aquilo que não souberam fazer melhor com os filhos. Filhos que, aliás, criam os seus próprios filhos de um jeito tão lindo que dá orgulho.
Avós sempre têm tempo pra buscar os netos na escola, especialmente no dia do boletim; avós sempre sabem que os netos, apesar das notas, serão gente na vida e convencem os pais.
Avós guardam caixas vazias, papel perfumado, tampas de panelas e pedras de rio, porque só os avós sabem como encantar os netos com esses tesouros.
Avós tiram os netos da cama e só os colocam lá de novo quando se ouve o barulho dos pais no portão, voltando da noitada. Às vezes até se esquecem de limpar o doce de leite que sobrou no canto da boca (e que os pais juram que não viram).
Netos são o milagre da vida se renovando todas as manhãs quando o sol se levanta e anuncia que o mundo continua a ter mistérios.
Netos são tão encantadores que esta coluna, que eu comecei a escrever às 10h termina só agora, às 13h!