Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (21) que a economia brasileira deverá sofrer um pouco mais as conseqüências da crise mundial – mesmo neste período de “acomodação” dos mercados- devido à restrição ao crédito no mercado internacional. Em seu discurso hoje no Congresso Nacional, Mantega disse que o crescimento da economia não atingirá nível esperado pelo governo para 2008, de 5% ao ano. “Deveremos então ter um crescimento entre 4% e 4,5%”, disse o ministro.
Guido Mantega afirmou que a economia brasileira tem condições de passar bem pela crise financeira externa e lembrou que o governo continuará, se necessário, adotando medidas pontuais com o objetivo de minimizar os efeitos do cenário internacional.
“A economia brasileira está sólida e preparada para enfrentar a crise. O Brasil tem condição manter o atual ciclo de crescimento com a manutenção da expansão do crédito, investimentos em infra-estrutura e continuação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Acreditamos que o país passará por boa parte desses problemas, mantendo a economia com bom funcionamento. Será um crescimento menor, porém, ainda o suficiente para continuar com a trajetória de crescimento no país”, disse ele.
Para Mantega, a crise mundial já teve sua fase mais aguda, que foi arrefecida pelas medidas tomadas pelos governos dos países ricos, definidos pelo ministro como epicentro da crise. No entanto, o ministro disse acreditar que a crise está longe de terminar. “Não acredito que essa crise esteja acabando. É uma crise de loga duração que ainda vai nos dar muita dor de cabeça”, destacou.
A gravidade da crise mundial, para o ministro, só encontra parâmetro na crise de 1929, com a Quebra da Bolsa de Nova Iorque. “Estamos diante de uma crise internacional muito mais forte do que as crises que ocorreram na década de 1990, com comparação somente com a crise de 1929. Não como características pois os motivos que levam a crise são diferentes, mas do ponto de vista de sua repercussão”, destacou.
De acordo com Mantega, o poder de avanço dessa crise se dá pelo fato dela ocorrer no centro do capitalismo. “Esta crise atual é muito mais séria que as que tivemos nos anos 90, como a crise do México, da Ásia e da Rússia. Essas crises eram regionais, não surgiram do centro do centro financeiro. Essa crise tem como epicentro os países avançados. Não é mais uma crise de bilhões e sim de trilhões no coração do sistema capitalista, das economias mais avançadas”, destacou.
O ministro também frisou que a crise não atinge igualmente todos os países e considerou que as economias emergentes possuem mais condições de enfrentar os efeitos no mercado interncional do que as economias dos países desenvolvidos. “Há muitos anos, os países desenvolvidos possuem um crescimento mais lento.Já esgotaram a expansão do seu mercado interno. Além disso, esses países têm fundamentos menos sólidos. Os Estados Unidos, por exemplo tem déficit fiscal e comercial”, disse.
Os países com economias emergentes, na opinião de Mantega, tiveram nos últimos anos um grande crescimento econômico e isso é sinal de que possuem melhores condições de enfrentarem as adversidade da economia mundial. “O crescimento é um sinal de robustez econômica. As economias emergentes poderão substituir atividades externas por internas. O mercado interno ainda tem para onde crescer. Nos países desenvolvidos, o mercado interno não tem muito o que expandir, já expandiram ao longo do tempo”, disse o ministro.
Fonte: Agência Brasil