Olá pessoal!
Como já comentamos anteriormente, muitas vezes a melhora de condições econômicas não são sentidas de imediato pelas nossas famílias e o índice de inflação é um bom exemplo do que estamos falando. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto foi de apenas 0,23% em agosto, se comparado com julho de 2023. Ou seja, de modo geral, pode-se afirmar que, praticamente, não houve inflação de um mês para o outro. Entretanto, isso não quer dizer que o poder de compra da família brasileira aumentou. Muito pelo contrário, só em 2023, o poder de compra reduziu em 4,61%, que equivale ao IPCA acumulado em 2023. Portanto, infelizmente, estamos comprando cada vez menos, considerando o mesmo dinheiro.
Outro ponto que comentamos foi em relação ao desemprego. Apesar da taxa de desemprego ter caído para 7,9% em julho de 2023, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), a economia tem criado predominantemente empregos de baixa qualidade e pouco produtivos. Isso tem feito com que a renda média real dos brasileiros diminua significativamente, quase em todas as classes. A situação nesse caso, é pior para quem estudou mais. Nesse caso, além da renda ter diminuído também viu a informalidade aumentar. A queda na renda, portanto, também reduz o consumo e, de forma indireta, a qualidade de vida e o bem-estar.
A associação de inflação com queda de renda e informalidade, impacta diretamente o endividamento e, consequentemente a inadimplência. Apesar do endividamento das famílias brasileiras ter diminuído 0,7 ponto percentual em agosto, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou 77,4% das famílias brasileiras continuam endividadas. A pesquisa ainda apontou que o grau de inadimplência das famílias se agravou. Em agosto, 30% das famílias brasileiras estavam inadimplentes e 12,7% afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores. O maior indicador na série histórica da Peic, desde janeiro de 2010. Muitas vezes, o endividamento das famílias é a única saída para a sobrevivência. Situação que agrava, sobremaneira, as finanças da família, por conta das altas taxas de juros que são praticadas no mercado. O crédito caro, em função das taxas de juros elevadas, limita a capacidade das famílias de quitar compromissos em aberto há mais tempo. O que faz com a inadimplência aumente.
Como se pode ver, esses indicadores que apresentamos, o cenário atual das famílias brasileiras ainda não é nada bom. Alguns já conseguiram minimizar e até mesmo superar o momento de crise, mas os números indicam que a maioria das famílias ainda estão com problemas. Como já comentamos, melhora a condição de vida das nossa famílias hoje é sim muito importante. Entretanto, manter um condição de vida melhor ao longo do tempo é muito mais importante. Por isso, não podemos deixar de acompanhar também os indicadores gerais da economia, como apresentamos no nosso último Painel de Educação Financeira. Como já dizia o ditado, devemos ficar com “um olho no peixe e o outro no gato”. Ou seja, vamos ficar muito atento a uma situação sem se desligar de outra.
Esperamos que tenha gostado do nosso painel de hoje.
Abraço e até o próximo!
Por Prof. Dr. André Luiz Medeiros e Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo