○ Promotor de Justiça de Itajubá aplica técnica que reduz judicialização

O Promotor de Justiça de Itajubá, Dr. Elkio Uehara está adotando uma técnica inovadora no seu trabalho no Ministério Público que está apresentando resultados surpreendentes. A técnica chama-se Constelação Familiar. Esta técnica, explica o promotor, está inserida como recurso da abordagem sistêmica, que é o olhar amplo sobre determinadas dificuldades ou conflitos. Através da técnica da Constelação Familiar é possível olhar além daquilo que se apresenta, além das palavras, das falas e das imagens. Quando se limita a palavras ou imagens, nós restringimos o contexto da dificuldade ou do problema, explica Dr. Elkio.

Ele esclarece que essa técnica não é terapêutica ou atrelada a algum ramo da psicologia. Se aplica em todos os contextos ou situações onde são envolvidos relacionamentos e relações humanas. O trabalho da Promotoria é lidar com relações conflituosas, não compreendidas que em seu agravamento chegam ao sistema da justiça. Lidando no dia a dia com conflitos familiares, Dr. Elkio percebeu que muitos destes não terminam nem terminarão com uma sentença judicial. Ainda que a sociedade deposite toda a confiança e esperança no sistema da justiça para resolver o problema, isso é uma ilusão, pois o problema começa dentro de casa, no seio familiar, afirma o promotor.

“Quando se atribui a solução do problema a justiça, muitas vezes a família não se satisfaz com o desfecho. A justiça pode auxiliar na busca pela solução, mas se os principais interessados não quiserem resolver ou não tiverem interesse na solução, não será o Estado que o fará. Ouvir uma história e não julgar é importante na busca de soluções, uma vez que, por trás de toda história, por mais horrível que seja ela tem uma razão de existir”.

Constelação Familiar, técnica criada por Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão), onde se cria “esculturas vivas” reconstruindo a árvore genealógica, o que permite localizar e remover bloqueios do fluxo amoroso de qualquer geração ou membro da família.

Muitas das dificuldades pessoais, assim como problemas de relacionamento são resultados de confusões nos sistemas familiares. Esta confusão ocorre quando incorporamos em nossa vida o destino de outra pessoa viva ou que viveu no passado, de nossa própria família sem estar consciente disto e sem querer. Isto nos faz repetir o destino dos membros familiares que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertencia a eles.

Para o promotor, a paz começa a ocorrer quando as pessoas envolvidas ficam em paz. Estas mudanças não são por conta da técnica e sim pela compreensão real dos fatos, pois a pessoa passa a perceber seu contexto familiar de outra forma, sem julgamento. Dr. Elkio explica que a técnica não muda ninguém e sim, possibilita uma tomada de consciência para que as pessoas passem a agir de forma diferente e isso é que muda todo o contexto familiar.

A medição dos resultados se expressa no baixo índice da judicialização da 1ª Promotoria de Justiça que é a que aplica a técnica. Ao invés do caso chegar à Promotoria e ser ajuizada uma ação que pode se arrastar por anos, trazendo sofrimento para todos. As pessoas querendo, não precisam lançar mão de recursos judiciais. Não é a Promotoria que resolve, é a própria pessoa que resolve, conclui Dr. Elkio.

No Tribunal de Justiça da Bahia, onde a técnica começou a ser aplicada, o índice de acordos firmados, ou seja, casos em que não foram abertos processos, foi de 100%.