Eu estava me mudando em pleno fim de construção, fim de semestre, provas, exames. Ufa!
Escrevo hoje na casa nova, mergulhada numa nuvem branquinha e fofa, que aqui tem muito verde pra chamar neblina.
Este é o meu mundo; longe da cidade, do barulho, do cheiro dos carros, num silêncio cortado só pelos passarinhos, que aqui são os companheiros de toda hora e lugar.
O olhar vaga longe, interrompido só pelas árvores, e se demora nas flores que nascem sozinhas, como se o homem aqui não fosse necessário.
O cheiro é limpo, agridoce às vezes, de vez em quando meio melado, mas nada que se compare ao escapamento dos carros. E nem os sons se parecem, nem de longe, com as buzinas impacientes e deseducadas da cidade.
A preguiça, aquela preguiça gostosa de quem está em paz é a regra por aqui.
E quando chegam as netas, então, tudo se completa.
Claro que a preguiça sai correndo pela porta de trás, enquanto elas entram pela da frente.
Tem coisa mais gostosa do que o grito : “Vóóóóóóó… Tô aqui…”? Como se eu não soubesse, desde a entrada do condomínio, que elas estão chegando…
E o coração da gente é esquisito mesmo.
Sei que, se o Marco fosse vivo, eu estaria morando na cidade, no apartamento onde moramos desde 2009 (verdade que delicioso).
No entanto, vejam só: quantas vezes me pego pensando que o Marco adoraria ver isso ou aquilo, dar comida pros passarinhos, receber as meninas no portão.
Coisas do coração…