A AMB divulgou, nesta terça-feira (21), pesquisa realizada pelo Ibope que traça um perfil do eleitor brasileiro. Dados importantes foram revelados pelo estudo como o que mostra que 85% dos brasileiros são favoráveis à Lei da Ficha Limpa. A norma, que veta a candidatura de políticos condenados por um colegiado de juízes, terá sua validade analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) amanhã (22).
A pesquisa faz parte da campanha Eleições Limpas – Não Vendo meu Voto, lançada pela AMB com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que tem como objetivo conscientizar os eleitores sobre a importância do voto e de seu papel na fiscalização das eleições. O presidente da AMB, Mozart Valadares Pires, afirmou que uma eventual decisão contrária à Ficha Limpa no STF poderá gerar uma “frustração nacional”.
“Não poderemos desconhecer que isso [a derrubada da lei pelo STF] será uma frustração nacional, caso essa lei desapareça através de uma decisão judicial. Ninguém aqui terá outro sentimento a não ser o sentimento de frustração”, destacou. “A Ficha Limpa veio para atacar a questão da impunidade e os números mostram quantas candidaturas já foram barradas em virtude dessa iniciativa”, acrescentou o presidente da Associação.
Mozart comentou diversos outros pontos do estudo, inclusive a compra de votos, que foi analisada pela pesquisa. Em entrevista, recomendou aos eleitores que procurem a comarca ou juiz eleitoral de sua cidade, a Polícia Federal ou a Polícia Civil para denunciar a prática, ainda recorrente em nosso país. “Os números mostram que há uma cumplicidade entre o corruptor e o corrupto, no caso o que compra e o que aceita vender seu voto. Temos que combater essa prática”, alertou.
Números
O levantamento ocorreu entre 18 e 21 de agosto. O Ibope entrevistou 2.002 eleitores com idade entre 16 e 50 anos em todas as regiões do país. Além de atestar a necessidade da ficha limpa entre os entrevistados, o instituto perguntou aos eleitores sobre o conhecimento no caso de compra de votos, se votariam em algum candidato que lhes oferecessem algum benefício, além de critérios de escolha de candidatos e a importância da participação da magistratura em ações contra a corrupção eleitoral.
Em suas conclusões, o estudo aponta que o conhecimento de crimes eleitorais pode variar de acordo com a escolaridade e a região. Perguntados se conheciam casos de compra de votos, os eleitores do Sul foram os que demonstraram o maior conhecimento: 53% responderam positivamente. Já na região Sudeste, apenas 38% disseram conhecer políticos que compram ou compraram votos. No Nordeste, 44% responderam afirmativamente. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste, 49% dos ouvidos denunciaram a prática.
Eleitores com até a 4ª série do ensino fundamental formam a parcela com menos conhecimento da prática. 33% relataram já terem presenciado a compra de votos, contra 57% dos eleitores com ensino superior. Em todo o país, apenas 41% dos eleitores entrevistados disseram que denunciariam à Justiça Eleitoral um candidato que tentasse comprar o seu voto.
Interrogados se votariam em um candidato que oferece benefícios materiais em troca do voto, 85% afirmaram que descartariam o político que tentasse comprar o voto. Já 13% disseram que votariam nele normalmente.
Fonte: AMB