Nunca antes desta eleição, tantas surpresas me pareceram assaltar o cidadão.
Quem ganhou? Quem perdeu? Pouco importa, porque certamente o Brasil não ganhou essa eleição. Dos dois candidatos se ouviam ataques, desrespeito, deslizes, uma ética frouxa, calúnias, e muito pouco de seriedade e compromisso. Nem propostas consistentes.
Não me lembro de termos visto antes tanta desfaçatez!
Nosso país em momento tão delicado, indicadores frágeis, a fera da inflação rangendo os dentes, educação ruim, saúde péssima (não, não estou imputando os fracassos apenas aos governos anteriores) e a política maior do país apenas cavando oportunidades de poder, como um monstro que não se sacia nunca…
O Brasil não merece mais essa espoliação. Já fomos tão roubados das nossas riquezas ao longo da história… Ouro, prata, pedras preciosas, minério e agora esperança de dias melhores também?
Qualquer dos candidatos, a se apostar na postura pública durante a campanha para o segundo turno, não merecia o Brasil… Não desta vez, não com os valores pessoais que mostraram durante esse triste mês de campanha.
Poucas horas depois do fechamento das urnas, as palavras que queríamos tanto ter ouvido desde sempre: diálogo, consenso, respeito, união…
Como é possível tamanha mudança no discurso em horas? O que se pode esperar de palavras vazias, jogadas ao vento?
Como se re-unirá o Brasil, fendido em duas partes iguais? Onde os objetivos comuns, a esperança unificada e o esforço conjunto, ferramentas de enfrentamento de tempos difíceis? Porque eles virão, talvez mais para o Brasil que se desprotegeu da crise, mas virão para o mundo inteiro.
Fico me perguntando se existe outro caminho que não seja o de cada um de nós se indignar tanto com o momento que vivemos, que nunca mais sejamos capazes de tolerar corrupção, saúde sucateada, educação enganosa, cargos públicos para enriquecer uns poucos, leis manipuladas…
Assim talvez essa náusea que nos adoece há tempos enfim seja curada.