Há poucos dias três maravilhas da natureza aconteceram no mesmo momento: um eclipse total do sol, o equinócio da primavera (ou do outono) e a super lua… Presente divino para os homens. Espetáculo gratuito que se oferece ao mundo e que deixa maravilhado quem tem olhos para ver a beleza, o mistério e o milagre.
Sim, porque é milagre puro, a natureza! A cada pedacinho de chão, a vida se repete e se recria sem necessidade da mão do ser humano nem da sua arrogante ciência.
Enquanto isso o homem, a quem todo esse espetáculo gratuito é oferecido generosamente, despreza miseravelmente o dom da vida e da beleza.
Guerras insanas, morte em proporções industriais, violência de todo tipo, no corpo e na alma, exposta ou escondida, crueldade apenas para consolidar poderes… Estas são a nossa retribuição ao mistério da natureza, presente dos deuses!
Sem nenhum viés partidário nem revanche ideológica, esse tsunami de corrupção que mergulha o Brasil em vergonha e expulsa a ética da vida das pessoas, talvez seja o maior dos pecados que se possa cometer contra a natureza.
Alguém pode me perguntar, indignado: “Como? Corrupção pode ser pior do que terrorismo?”
Eu respondo: “Não, pior não; igualzinho…”
Sabem por que? A corrupção, especialmente quando institucional como parece ter se tornado, mata tanto quanto as guerras. Com um agravante, porém: as mortes são silenciosas e não entram nas estatísticas como sendo oriundas da vergonha…
Por favor, me acompanhem: doentes morrem nas filas de hospitais sucateados, crianças morrem de fome nas cidades onde periferia é sinônimo de submundo, velhos abdicam da dignidade no fim da vida quando teriam direito a descanso e respeito, mulheres morrem cedo das doenças do descaso, adolescentes se destroem mutuamente por um pouco de felicidade, homens se despedem da esperança de que seus filhos deles se orgulhem… Afinal, a calhordice virou a regra…
E a natureza continua a apresentar o seu espetáculo, dia após dia, para espectadores cegos, pobres deles…