As doenças que são transmitidas pelo chamado “mosquito maldito” Aedes aegypti já são uma preocupação mundial e nesta era moderna são um problema que os órgãos de saúde precisam lidar. O pesquisador e coordenador do curso de Ciências Biológicas da FEPI, professor Flávio de Vasconcelos, explica como esse mosquito que já existia muito antes de homem pisar na Terra acabou se tornando um problema de saúde pública.
Para falar sobre o que está acontecendo hoje é possível seguir duas vertentes. A primeira trata da urbanização, que aumenta os locais onde pode haver criadouros para o mosquito, como lotes sujos, terrenos baldios, lixo e outros. Apesar de se tentar controlar esses criadouros, o problema mais grave está diretamente relacionado à ecologia daquele organismo. Com os grandes loteamentos que o homem fez e aumento da urbanização, nós retiramos os predadores naturais do mosquito do ambiente.
Sem os predadores naturais houve um desequilíbrio e com o aumento de locais que podem servir de criadouros, o ser humano criou duas condições para que houvesse o “boom” da população do mosquito.
Apesar de hoje a genética trabalhar a favor do controle populacional, com modificações que permitem que a pupa não se desenvolva para virar um mosquito adulto, é importante que haja um entendimento de que o problema principal foi ecológico. Não é preciso ir muito longe, em Itajubá mesmo os criadouros naturais dos anuros (sapos, rãs e pererecas) foram transformados em loteamentos e condomínios.
Com o crescimento da cidade os predadores naturais que existiam foram suprimidos e obrigados a procurar outros locais para viverem ou então fadados à morte. Quando se diminuiu a taxa de natalidade de um ser, também se reduz a sua população e foi isso o que aconteceu.
A solução genética para o problema envolve a produção de machos mutantes que são soltos na natureza para reprodução e produção de uma nova geração que não irá se desenvolver. Essa estratégia já está sendo utilizada e já é possível verificar resultados na queda da população do mosquito.
A mudança genética aplicada não altera a espécie de mosquito e todo um estudo foi realizado para garantir que essa intervenção não traga prejuízos ao ser humano no futuro. O mosquito é o animal que mais mata no mundo anualmente e por esta ser uma questão de saúde pública, a ciência se mostra favorável a essa estratégica de controle.
A população também deve colaborar e continue toda a ação de combate ao mosquito e eliminação dos criadouros. Os mosquitos irão conseguir se reproduzir então é preciso correr para diminuir sua população. Biólogos já estão trabalhando em soluções alternativas e a FEPI já possui um projeto para reintrodução dos anuros em Itajubá, no entanto isso ainda levará um tempo.
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM