Um dos conceitos financeiros mais comentados e buscados por todas as empresas e mesmo pessoas é o lucro. Mas será que as pessoas realmente sabem o que é o lucro e como ele deve ser mensurado? Este artigo tem o objetivo de explicar o conceito de lucro e esta é a parte simples, ao leitor resta a parte difícil, correr atrás de alcança-lo.
Para compreender o que é o lucro podemos voltar ao artigo sobre como a macroeconomia afeta as nossas vidas em que demos o exemplo de uma panificadora. Lá explicamos que para se produzir e vender pães, uma determinada panificadora deve utilizar diferentes recursos no processo de produção, tais como o ponto comercial para estabelecer a panificadora, trabalhadores (padeiros, atendentes, etc.), recursos de empréstimo para comprar um forno adequado e, principalmente, deve haver um empresário disposto a assumir todos os riscos de realizar e administrar todas estas operações.
Já demonstramos que cada recurso utilizado no processo de produção deve ser devidamente remunerado, de acordo com o exemplo, o proprietário que disponibilizou o espaço físico para que a panificadora fosse instalada deve ser remunerado por um aluguel, os trabalhadores que disponibilizaram seus respectivos trabalhos devem ser remunerados por salários, os bancos que disponibilizaram recursos para a compra de um forno devem ser remunerados por juros.
Mas e o empresário que disponibilizou empenho, trabalho administrativo e, acima de tudo, que assumiu todos os riscos de realização do empreendimento? Ele não deve também ser devidamente remunerado?
É respondendo à pergunta acima que podemos efetivamente compreender a definição de lucro, qual seja, o lucro corresponde a remuneração paga ao empresário pela disponibilização do seus recursos, gestão do empreendimento e responsabilidade pelos riscos de todas as operações (afinal, todo empreendimento pode “dar certo”, ou não!).
Ao entender à definição de lucro, torna-se mais fácil também compreender como ele deve ser calculado e este é o nosso próximo passo. Vamos continuar com o mesmo exemplo acima, o da panificadora. Um empresário que pretende “abrir” uma panificadora busca “obter dinheiro” a partir da venda dos pães e esta “obtenção de dinheiro” é chamada de receita.
Por outro lado, para se produzir os pães é necessário remunerar todos aqueles que disponibilizaram recursos, ou seja, o proprietário do espaço alugado, os trabalhadores contratados e o banco que liberou empréstimos. Todos estas remunerações correspondem aos gastos que a empresa possui e, portanto, devem ser pagos, justamente, com as receitas alcançadas com as vendas dos pães. Após pagar todos estes gastos, o dinheiro restante corresponde ao lucro da empresa.
Esta forma de pensar vale não só para o exemplo da panificadora mas para todas as empresas em qualquer setor econômico, para se mensurar o lucro basta somar todas as receitas obtidas pela empresa e subtrair todos os gastos envolvidos com a atividade. Assim, podemos chegar a expressão mais geral do cálculo do lucro de uma determinada empresa:
Lucro=Receitas-Gastos
Mas como todo brasileiro bem sabe, a questão não é tão simples assim. As empresas possuem uma série de gastos que, em geral, não são considerados pelos empresários e, desta forma, os lucros calculados não representam a realidade da empresa, fato que pode prejudicar a viabilidade do empreendimento.
Normalmente, os empresários conhecem muito sobre as características do seu negócio, quais são os recursos necessários e quanto cada um custa, mensurando de maneira adequada apenas parte dos gastos. Contudo, existem alguns gastos não relacionados à atividade principal da empresa que são corriqueiramente esquecidos, por exemplo, toda a empresa deve pagar tributos e isto deve ser considerado no cálculo como gasto a ser deduzido das receitas ao se analisar o lucro.
Em associação, existem alguns gastos implícitos que também devem ser considerados para se calcular o lucro. Vamos voltar ao exemplo anterior, mesmo supondo que o empresário seja dono do espaço físico em que a panificadora está instalada o aluguel deve ser considerado como um gasto a ser pago. A lógica é simples, ele está deixando de alugar aquele espaço para outro empresário e, em finanças, deixar de receber é similar a pagar (este é um exemplo típico de custos implícitos, também chamado de custo de oportunidade).
Sendo assim, segue uma dica para você calcular de maneira adequada o lucro da sua empresa.
Para se mensurar o lucro basta relacionar cada um dos passos da seguinte maneira:
Lucro=Passo 1-Passo2-Passo3-passo4
Como se pode observar, para se calcular corretamente o lucro é necessário ter todas as contas de recebimentos e pagamentos (mesmo os implícitos, isto é, aqueles valores que a empresa deixa de receber por alguma decisão de gestão) muito bem organizadas e, portanto, mais uma vez reforçamos a importância de se ter um planejamento organizado e completo dos recursos financeiros da empresa (já disponibilizamos uma planilha para facilitar este processo).
Esperamos que este artigo tenha contribuído com o seu entendimento sobre o lucro e desejamos boa sorte para a gestão de vocês. Nos encontraremos novamente com mais dicas de educação financeira.
.jpg)
Coluna do Prof. Dr. André Luiz Medeiros juntamente com Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Ambos do Grupo DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
A coluna tem o objetivo de tratar de tema altamente relevante que orienta às pessoas no controle de seus gastos ao mesmo tempo que ensina a administrar seu orçamento doméstico. Confira os artigos da coluna “Educação Financeira e Cidadania”