Pessoas que já morreram continuam a fazer aniversários; nós, que os amamos, continuamos a comemorar a data em que elas nasceram e se anunciaram como importantes para nós.
Estranho, isso? Não acho…
Nós dois tínhamos certeza de que nos conhecíamos de muitas outras vidas, tal a rapidez e a facilidade com que nos reconhecemos e nos amamos… Eu já contei que, do primeiro dia em que saímos juntos até fazermos a nossa cerimônia de casamento passaram-se apenas 43 dias? E que teríamos vivido juntos por toda a eternidade, se a vida tivesse permitido?
Há relatos de cientistas sérios que estudam a reencarnação, de pessoas que têm memórias muito fortes de uma vida anterior e que se confirmam, uma a uma.
Pensando nisso, e com a crença de que reencontros acontecem (e por que não aconteceriam?), Marco e eu combinamos sinais para que, na próxima vida, nós possamos nos encontrar outra vez. E, quem sabe, desta vez possamos nos encontrar mais cedo.
Eu, por exemplo, pedi a ele que fosse médico outra vez e que passasse algum tempo na África, ou entre índios, ou em meio a uma população muito pobre no Brasil. Lá nos encontraremos, com certeza…
Ele também poderia escolher a Arqueologia como profissão. Escavar ruínas longínquas ou dar aulas em alguma universidade ou dirigir um museu. Grande chance de me encontrar…
Ou, quem sabe, ser Antropólogo. Pode bem ser que me encontre em alguma tribo desconhecida, aprendendo a viver com ela…
Ou então, fazendo Cuidados Paliativos outra vez.
Ele dizia que ainda queria fazer tanto pelos doentes de quem cuidava…
Ele queria tanto ver todas as escolas de medicina no Brasil ensinando os jovens a serem médicos também na morte, silenciosos e respeitosos…
E eu… Eu só queria vê-lo de novo, nesta vida de agora…