Olá pessoal!
Não sei você, mas nós estamos com a sensação de que o relógio está rodando cada vez rápido. Em pouco menos de 15 dias finalizaremos o primeiro semestre de 2023. Entretanto, no campo econômico, parece que o relógio está parado. A discussão ainda está em torno das incertezas internacionais e nacionais. Internamente, as atenções novamente se voltam para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrerá nos dias 21 e 22 de março.
Segundo a edição mais recente do boletim Focus , a Selic deverá ser mantida em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida. Como vocês já perceberam, essa não é a primeira vez que abordamos esse assunto aqui no nosso Painel de Educação Financeira. Atento ao tema, a senhora Sanda Madalena nos enviou a seguinte pergunta:
“Professores, já entendemos que ficar atento à Selic é importante para a população. Entretanto, gostaria de saber como a Selic impacta a nossa vida.”
Dona Sandra, a sua pergunta é muito importante e, na prática, poucas pessoas sabem efetivamente qual o impacto da Selic nas nossas vidas. Como já comentamos em outros painéis, a taxa Selic é a taxa básica da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central do Brasil (BCB) para controlar a inflação. Na prática, a taxa Selic é utilizada como referência para remunerar os títulos do Tesouro Nacional. Ou seja, quando o governo precisa tomar dinheiro emprestado para arcar com investimentos e gastos, ele emite títulos que, em geral, possuem como base a remuneração associada à taxa Selic.
Como a capacidade de pagamento do governo é considerada alta e com baixo risco, o mercado acaba assumindo essa taxa como referência para remunerar as aplicações e também para cobrar os juros de quem precisa tomar dinheiro emprestado. Como a maioria dos tomadores possuem risco maior do que o governo, o mercado financeiro sempre adotará uma taxa de juros maior do que a Selic nas operações de crédito ou financiamento. Isso porque o risco associado àquela operação é maior do que emprestar o dinheiro para o governo.
Por essa explicação, você já notou que, mudanças na taxa Selic podem sim impactar direta e indiretamente o mercado financeiro. Esse impacto, portanto, vai desde as contas do governo até as contas da sua casa. Para ficar mais fácil de entender, preparamos o quadro abaixo que apresenta um resumo dos impactos da Selic, principalmente quanto ela está em alta.
Quadro 1 – Impactos positivo e negativo quando a Selic está alta.
IMPACTO POSITIVO IMPACTO NEGATIVO
IMPACTO POSITIVO | IMPACTO NEGATIVO | |
Governo | Facilidade em captar dinheiro no mercado, para financiar seus gastos | Necessidade de gerar caixa para pagar os juros relativos ao dinheiro captado |
Controla da inflação, gerando reservas | Desaquece a economia, freando o consumo | |
Mercado | Aumento no número de poupadores, com objetivo de gerar reservas | Reduz o investimento em novos negócios, diminuindo a circulação de renda |
Garante o retorno em investimentos de renda fixa | Diminui a viabilidade de negócios (aumenta o custo do capital e reduz a expectativa de retorno) | |
Aumento “relativo” dos ganhos das empresas que atuam no mercado financeiro | Aumento do risco do negócio, puxado pelo aumento do endividamento e da inadimplência | |
População | Poupadores têm a possibilidade de maior ganho financeiro, investindo em produtos financeiros com baixo risco | Tomadores pagam taxas de juros mais elevadas, em função do custo do dinheiro. |
Dona Sandra, viu só como uma simples taxa pode impactar a economia, o mercado e a população? Portanto, para evitar maiores problemas, o ideal é achar o equilíbrio para que a maioria dos interessados possam ter menos impacto negativo e impactos positivos que não atrapalha o desenvolvimento do nosso país.
Por hoje encerramos por aqui. Mas ainda há muito a ser tratado em relação ao tema. Por isso, nos veremos em breve.
Abraço e até o nosso próximo encontro!